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Comportamento

De cachaça até cueca, Luzia vende de tudo em boteco há 20 anos

Vendedora construiu sua história no espaço da Vila Ipiranga, mas precisa entregar o ponto e se despede do bar

Aletheya Alves | 13/03/2023 07:01
Luzia começou vendendo apenas bebidas há cerca de 20 anos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Luzia começou vendendo apenas bebidas há cerca de 20 anos. (Foto: Henrique Kawaminami)

Há 20 anos trabalhando na Avenida Manoel da Costa Lima, Luzia da Silva Merces reúne desde cuecas até cachaça para vender em seu bar. Sem preconceito para incluir os pedidos dos clientes no balcão, a comerciante se orgulha da variedade, mas vem se despedindo do ponto para entregar o espaço.

Com sorriso no rosto durante toda a entrevista, Luzia não abandona a cervejinha e conta que, apesar de todas as dificuldades da vida, é feliz. Desde a infância dura até quando ficou sabendo que precisaria sair do endereço que passou as últimas duas décadas, ela narra que a tristeza vem, mas que precisa “ser forte”.

Localizado entre as ruas Manoel Viêira de Souza e Tupã, o espaço é repleto de placas espalhadas pelas paredes. “Eu vendo bebida, garrafa de gelo, potes, cueca, babydoll, tenho até lençol e toalha de rosto”, conta Luzia, explicando sobre o motivo das indicações.

Hoje, bar conta com opções até de roupas à pronta-entrega. (Foto: Henrique Kawaminami)
Hoje, bar conta com opções até de roupas à pronta-entrega. (Foto: Henrique Kawaminami)
Potes também dividem espaço com os outros produtos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Potes também dividem espaço com os outros produtos. (Foto: Henrique Kawaminami)

Já acostumada a ter um pouco por ali, ela detalha que no início era bastante diferente. “Eu fui criada na roça, trabalhei lá, depois fui doméstica e só por último que quis abrir aqui. No começo, vendia só bebida mesmo, era mais normal”.

Vendo a necessidade dos clientes, ela começou a pegar pequenas quantias de produtos diferentes, como camisetas e outras roupas. “Depois peguei cueca, calcinha, roupa de dormir e fui aumentando. Bastante gente procura vasilha, aí passa aqui e já compra outras coisas”, comenta.

Aproveitando de todas as oportunidades, Luzia diz que chegou a fazer mais de cem máscaras em um dia durante o período da pandemia e até o próprio almoço comercializou.

Placas espalhadas pelo espaço mostram variedade de itens. (Foto: Henrique Kawaminami)
Placas espalhadas pelo espaço mostram variedade de itens. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Um dia, acabou o gás e resolvi fazer meu almoço na churrasqueirinha que a gente tem aqui de espetinho. Você acredita que os clientes começaram a perguntar quando eu ia fazer de novo? Aproveitei né, vendi umas marmitas por um tempo”, relata a dona do bar.

Apesar de não ter grandes rendimentos, a comerciante conta que aprendeu a valorizar o que vem de boa na vida. Exemplificando que conseguiu criar os filhos e já se tornou até bisavó, garante que as coisas podem ser difíceis, mas também há as alegrias.

Ultimamente, a tristeza tem sido pensar que precisará encontrar outro ponto para o bar. “Como eu alugo aqui, não tenho o que fazer. Quero continuar no bairro mesmo porque gosto, mas posso ir para outros lugares também. Deus já me ajudou com tanta coisa, vai me ajudar aqui também”, completa.

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