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Comportamento

De câncer a solidão da gravidez, macramê salvou Maria da depressão

A artesã produz colares, brincos, pulseiras e aneis confeccionados em linha encerada e pedras naturais

Por Idaicy Solano | 15/08/2024 07:35
Maria encontrou nos fios de macramê apoio durante fases dificeis da vida (Foto: Arquivo Pessoal)
Maria encontrou nos fios de macramê apoio durante fases dificeis da vida (Foto: Arquivo Pessoal)

Linhas e pedras se transformam em lindos acessórios confeccionados e vendidos pela artesã e psicóloga Maria Isabel Benvenuto Mendes, de 28 anos, que encontrou na técnica do macramê a ‘salvação’ para enfrentar o câncer e não se deixar ser vencida pela depressão, e ainda lidar com o sentimento de solidão durante a gravidez.

Mãe de uma criança de 11 anos, ela divide o trabalho nas produções da loja Madre Tierra com a rotina de casa e os atendimentos clínicos, e expressa que o artesanato foi um grande suporte em sua vida. Isso porque ela deu à luz aos 16 anos, um ano após uma cirurgia para a retirada de um câncer na tireoide.

“[Me ajudou] a lidar com a realidade e a solidão, o impacto que [a gravidez] iria gerar na minha vida, sentimentos de ansiedade e confusão. Ela [arte] sempre esteve presente na minha vida, nos bons e maus momentos. Mais do que uma renda extra, o artesanato me faz sentir viva e particularmente, eu amo minhas peças, sou muito caprichosa nas produções. Faz bem pra autoestima e é uma forma de me manter pertinho dos meus clientes, cada peça tem um pouquinho de mim”, declara.

Ela começou a fazer macramê em 2011, durante o ensino médio. Apaixonada por moda e acessórios, Maria relata que gostava de improvisar peças de roupa para criar novos modelos, então sua mãe sugeriu que aprendesse a técnica.

Ela começou aprendendo apenas os pontos básicos da trama, e começou a confeccionar pulseiras para vender na escola. Nessa mesma época, Maria conta que também viveu um relacionamento amoroso conturbado, e declara que tecer os fios era uma forma de distração para a situação que estava passando.

Colares são produzidos com pedras naturais e cristais (Foto: Arquivo Pessoal)
Colares são produzidos com pedras naturais e cristais (Foto: Arquivo Pessoal)
Peças custam a partir de R$ 15, levando em conta os amteriais utilizados e a técnica (Foto: Arquivo Pessoal)
Peças custam a partir de R$ 15, levando em conta os amteriais utilizados e a técnica (Foto: Arquivo Pessoal)

Ela chegou até a criar um blog para divulgar seus produtos e vendia também para fora do Estado, mas meses depois descobriu um câncer na tireoide e trançar os fios era uma maneira de não cair na depressão. “Parei com as vendas por um tempo, mas sempre voltava a produzir quando estava passando por algum momento difícil e precisava me conectar com minha essência de novo”.

A loja surgiu em 2018, quando Maria estava no último ano da faculdade. Ela relata que se sentia sobrecarregada com o curso, por isso voltou a fazer os macramês como um hobby para tornar os dias mais leves. Como ela só sabia fazer um tipo de ponto no macramê, foi atrás de tutoriais na internet para expandir suas técnicas, e acabou descobrindo uma variedade de utilidades.

“Quase não tinha conteúdo em português, mas com persistência e criatividade fui dando meu jeitinho. O mais incrível da técnica é que você consegue criar praticamente qualquer coisa a partir de fios. Dá pra fazer roupa, decoração, suporte de planta, acessórios de moda, é infinito”, diz.

A artesã produz colares, brincos, pulseiras e aneis, que são confeccionados em linha encerada, que faz com que as peças durem muitos anos, e decoradas com pedras naturais para compor os amuletos.

Maria detalha que a inspiração para as peças surgem de maneiras aleatórias, seja um modelo que lhe vem à cabeça, ou tentando reproduzir modelos de joias que acha que ficariam bonitas no macramê

Os valores variam de acordo com a dificuldade da peça, o preço dos cristais e a quantidade de material utilizado. As peças saem a partir de R$15,00.

Quem quiser conhecer o trabalho de Maria, basta acessar o perfil no Instagram @artesanatomadretierra.

Peças produzidas por Maria em feira criativa de Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)
Peças produzidas por Maria em feira criativa de Campo Grande (Foto: Arquivo Pessoal)

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