De conselheiro a presidente, João viveu poucas e boas pelo Operário
Jogador na porta de casa, investimento alto e time em competições importantes são as lembranças dele
Conselheiro, presidente e torcedor foram as três fases que João Batista Arruda, de 85 anos, viveu com o Operário Futebol Clube. Nos tempos que o clube jogava na Série A e conquistava títulos nas principais competições a nível nacional, João estava lá com o time.
São diversas as histórias que o ex-presidente e conselheiro tem da época. Algumas delas, João resgatou da memória para contar ao Lado B durante uma conversa no quintal de casa. É vestindo a blusa do operário e usando chapéu que recebe a equipe na companhia do filho Guilherme Arruda, de 53 anos, e de um cuidador.
A história dele com o Operário começa antes da divisão entre os estados e a criação de Mato Grosso do Sul. João saiu de Presidente Prudente (SP) com destino a Campo Grande em 1961 a convite de um amigo. Na época, ele veio para trabalhar na Caiado Pneus e posteriormente abriu a própria empresa: Pneurama.
O motivo de ter preferido o Operário ao invés do clube rival João não responde, mas quando pergunto vem a risada. “O Comercial?!”, repete. Assim, por uma dessas coisas da vida acabou que João virou operariano que levava a sério as funções.
Ao falar sobre quais eram os encargos da função, ele resume. “É tudo né e ó”, declara. O ‘ó’ de João é acompanhado pelo famoso sinal de mão que significa dinheiro. Tempo e dinheiro eram duas coisas que o torcedor investiu bastante no time principalmente quando passou a ser presidente.
De 1977 a 1981, ele esteve no cargo em que garante que precisava resolver de tudo um pouco. “Às vezes na minha casa eu não tinha sossego porque infelizmente jogador de futebol apronta né e quem acaba sofrendo é o presidente, de acordarem você para resolverem o problema. [...] Tudo que pode acontecer acontece”, afirma.
Desses acontecimentos, ele recorda algumas das conquistas do Operário. “O Operário na minha gestão chegamos a ser o terceiro do Brasil. A gente saía para fora para jogar. [...] Eu quando fui presidente terminei a sede do Operário, aquela sede foi feita com produto meu já”, destaca
Reforçando o comentário do pai, Guilherme conta que os torcedores não tinham tantas reclamações, pois o Operário estava em uma ótima fase. “Naquela época o time estava no seu auge, foi pra Coreia jogar com o Bayern”, diz.
Outro momento marcante que ele revela é a semifinal do Campeonato Brasileiro de Futebol de 1977 entre São Paulo e Operário no Estádio Morumbi. O jogo foi diante de 103.092 mil presentes e o tricolor paulista acabou levando a melhor com 3x0.
Ainda sobre os dias de glória, Guilherme comenta que muitos jogadores do Operário conseguiram mudar de vida. “Encontrei na rua jogadores que estavam na época dele (João) e eles contam que só com o ‘bicho’ que ganhavam na época construíram a casa. Hoje, malemal conseguem pagar o salário”, diz. O "bicho" era o prêmio em dinheiro que o clube pagava aos atletas.
Os dias vivendo pelo Operário chegaram ao fim para João há muito tempo. Hoje, ele só acompanha, torce e tem o desejo de voltar a ver o pessoal torcendo pelos times da cidade como antes.
“Eu gostaria que o Operário e o Comercial, os times que já se sobressaíram e tão apagados voltassem novamente as atividades porque isso faz bem para a cidade e pro torcedor. Sumiu tudo, antigamente você via bandas de caminhão andando pela cidade em dias de jogo, acabou tudo”, pontua.
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