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Comportamento

De sonho a aprendizado, memória faz resistir na Antiga Rodoviária

Pedro e Saul chegaram ao espaço nas décadas de 1970 e 1980 para trabalhar com ótica e relojoaria

Aletheya Alves | 30/04/2023 07:00
Ótica de Pedro já existe há 46 anos e não há pensamentos sobre deixar rodoviária. (Foto: Marcos Maluf)
Ótica de Pedro já existe há 46 anos e não há pensamentos sobre deixar rodoviária. (Foto: Marcos Maluf)

Quando Pedro da Cruz Gonçalves e Saul Danielson Oliveira chegaram à Antiga Rodoviária nas décadas de 1970 e 1980, o prédio brilhava aos olhos. Tendo aprendido a ser vendedores no espaço, os dois contam que os sonhos e gratidão pelos aprendizados é que fazem a resistência existir na região mais degradada do Centro.

Apesar do espaço estar passando por reforma, os corredores escuros e constante saída dos comerciantes que persistiam por ali ilustra o cenário complexo. Mesmo assim, no caso de Pedro, os 46 anos no prédio não possuem previsão para um fim.

“Não tem como a gente sair daqui, todos os nossos clientes nos conhecem. Apesar de ter ficado difícil, não vamos sair porque também temos esperança”, comenta o sócio-proprietário da Ótica Santa Cruz.

Sem negar que tanto a estrutura física do prédio foi comprometida com o passar do tempo quanto o próprio entorno com a chegada de moradores de rua, ele explica que quem continua na rodoviária é, de certa forma, por fé. “Isso aqui foi o primeiro shopping de Campo Grande. Eu e Paulo, meu sócio, abrimos aqui como nosso primeiro negócio e nunca mais saímos”.

Enquanto as salas próximas foram sendo esvaziadas, a dele continua firme. (Foto: Marcos Maluf)
Enquanto as salas próximas foram sendo esvaziadas, a dele continua firme. (Foto: Marcos Maluf)
Saul começou a trabalhar na adolescência e acabou ficando sozinho. (Foto: Marcos Maluf)
Saul começou a trabalhar na adolescência e acabou ficando sozinho. (Foto: Marcos Maluf)

Em meio a uma cena ainda mais autoexplicativa, Saul Danielson Oliveira, de 58 anos, fica cada vez mais sozinho em sua sala. Quando tinha 18 anos, ele chegou à relojoaria Orient para trabalhar arrumando relógios e, de uma forma ou de outra, se criou entre os corredores.

“Eu falo para as pessoas que aqui eu tinha uma família, acho que por isso não saí. O vendedor da frente saiu há algumas semanas, outros já foram há mais tempo, mas eu continuo aqui”, explica Saul.

Se apegando principalmente ao carinho pela história, ele narra que até chegou a pensar em mudar de sala ou emprego. Mas, pensando sobre os clientes e a história que desenvolveu no terminal rodoviário, decidiu ser um dos poucos a persistir.

De acordo com Saul, relógios de várias gerações já passaram por suas mãos e toda vez que algum membro novo aparece, a fé se renova também. “Como cresci aqui, eu vi tudo piorando, mas alguns clientes não desistindo também. Acredito que pode melhorar com a reforma, a gente tem que ficar para ver”.

Antiga Rodoviária está passando por reforma realizada pela Prefeitura. (Foto: Marcos Maluf)
Antiga Rodoviária está passando por reforma realizada pela Prefeitura. (Foto: Marcos Maluf)

Em julho de 2022, ao assinar a ordem de serviço para as obras, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes, garantiu que a reforma terminaria no mesmo ano. Já em nota retorno enviada pela comunicação social da Prefeitura, a nova previsão é para dezembro de 2023.

“Está dentro do cronograma e já executou os serviços de demolição, recorte da laje na Rua Vasconcelos Fernandes e retirada do asfalto antigo”, pontua a nota.

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