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Comportamento

Depois da política, o que nos divide é acreditar ou não no coronavírus

Opiniões se divergem e maioria que acha "exagero", nas medidas de prevenção, são idosos

Danielle Errobidarte | 21/03/2020 07:22
Três amigas, Maria Carmen Arelo, Gabrielly Juliana Evangelista e Eliane Zaramelo, que trabalham juntas utilizam máscaras "para se previnir, pois atendem idosos, do grupo de risco". (Foto: Paulo Francis)
Três amigas, Maria Carmen Arelo, Gabrielly Juliana Evangelista e Eliane Zaramelo, que trabalham juntas utilizam máscaras "para se previnir, pois atendem idosos, do grupo de risco". (Foto: Paulo Francis)

Há quem diga que a pandemia do novo coronavírus não é suficiente para fechar as portas de lojas, restaurantes e até paralisar o transporte coletivo. Outros afirmam que falta consciência do campo-grandense em perceber que as medidas de prevenção são urgentes e necessárias. Após a população ser dividida entre “esquerda e direita”, na bipolaridade política mais recente, agora acreditar ou não nos efeitos do COVID-19 é o que divide opiniões.

O Lado B foi às ruas do centro, na praça mais movimentada da Capital – agora fechada por conta do decreto municipal de quinta-feira, 19 de março – para ouvir os motivos de quem acredita ou não na pandemia de coronavírus. Já na entrada da Praça, a vendedora ambulante Maria Garcia Lima, 69 anos, não paralisou a venda do tradicional “cafezinho” pelas ruas de Campo Grande. “Eu vou fazer 70 anos e nunca peguei nem gripe. A minha doença é a vontade de trabalhar, e vou continuar. Pra quê vou ficar em casa? Aí sim posso ficar doente, entrar em depressão sem ter o que fazer, trancada”.

José Pedro da Silva, de 64 anos, compartilha do mesmo sentimento de Maria. Para ele, é um “exagero” ter de lavar as mãos com frequência e ele chega a acreditar ser mentira algumas das notícias veiculadas sobre a doença. “O que eu já vi morrer de idoso nessa praça, não é um vírus que vai atingir. Quem vai me salvar é a minha fé em Deus, e não ficar passando álcool em gel toda hora. O que adianta fecharem as lojas? Quem vai pagar os funcionários?”, opina.

A vendedora de pipoca Elza acredita ser "montagem" muitos depoimentos sobre a COVID-19. (Foto: Paulo Francis)
A vendedora de pipoca Elza acredita ser "montagem" muitos depoimentos sobre a COVID-19. (Foto: Paulo Francis)

Por trabalhar com vendas, a pipoqueira Elza Almorone, de 59 anos, se preocupa com o fechamento do comércio na região central. “Onde já se viu fechar comércio? Eu quero ver é a crise que vai ficar depois desses 15 dias. Acho que muitas coisas que falam é montagem. Não precisa estar tudo aberto pra idoso ficar em casa, a gente sai na rua para qualquer lugar. As lojas estão fechadas mas os ônibus cheios”.

Outro lado – A estudante Brenda Torres, de 18 anos, achou que encontraria menos pessoas andando pelas ruas. Segundo ela, “a população precisa entender que a COVID-19 é uma doença perigosa”, mas acha que não é necessária a “corrida aos supermercados” e estocar produtos. Ela também acredita que, por ser um vírus novo, "muitos não sabem como reagir".

Maria Carmen Arelo, Gabrielly Juliana Evangelista e Eliane Zaramelo andavam pela calçada da praça juntas e de máscaras. Segundo elas, o trabalho em uma loja de empréstimo pessoal as faz ter contato diversas vezes por dia com pessoas idosas. As amigas compartilham do sentimento de que “as pessoas do grupo de risco ainda não entenderam a gravidade da situação”.

Maria Carmen, 41 anos, acha “um absurdo e desnecessária” a corrida aos supermercados para estocar alimentos. Ela atribui à pouca escolaridade e diferenças entre gerações, o fato do grupo de pessoas que desacreditam na pandemia de COVID-19 serem, em grande parte, idosos. “Essas pessoas ainda não perceberam como o mundo está. Acho que por não terem tanto estudo e não presenciarem a situação, não acreditam. Isso só vai acontecer quando elas tiverem contato com alguém que tem a doença, dentro da família, por exemplo”, opina.

Eliane avista o ponto de ônibus lotado, a poucos metros de onde estão. “Tenho uma mãe acamada e fico com medo de pegar ônibus cheio”, relata. Gabriely acrescenta que “ontem os ônibus estavam vazios” e as três decidem ir para suas casas chamando um aplicativo de transporte.

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