Depois de 2 anos isolados, nem frio deixa baileiros do Vovó Ziza em casa
Idosos retornaram aos bailes há um mês e contam que ficar sem os amigos de dança foi torturante
“Ficar isolado, sem os bailes foi péssimo. A gente está revivendo agora”. Esse é o depoimento que une os sentimentos de muitos dos idosos que precisaram ficar em casa durante a pandemia e que, agora, comemoram finalmente o retorno dos bailes do CCI (Centro de Convivência do Idoso) Vovó Ziza.
Depois de dois anos e oito meses, os baileiros contam que não viam a hora das sextas-feiras voltarem a ser tomadas por música, dança, amizade e namoro. E, desde julho, a alegria finalmente voltou.
Garantindo que nem frio e chuva fazem com que o grupo fique em casa, Maria Rita Dias de Brito, de 78 anos, é uma das dançarinas mais fiéis do Vovó Ziza. Contando que já perdeu a conta exata de há quanto tempo frequenta o CCI, explica que há cerca de 10 anos, só deixou de ir aos bailes porque foi forçada pela pandemia.
A gente vem toda sexta-feira desde que começamos a frequentar. Na pandemia tivemos que ficar em casa, mas sentimos falta demais. Agora que voltou, nem o frio faz a gente perder”, diz Maria.
Mais do que se divertir dançando, ela narra que os bailes são os melhores momentos para fazer grandes amizades e que foi assim que conheceu uma de suas amigas mais fiéis. “A gente ficou amiga por causa do baile, senti falta demais também por isso”.
Uma das mais animadas do encontro, Ivete da Cruz Magalhães, de 80 anos, é a amiga que Maria cita. Confirmando a história, ela completa que a sensação durante a pandemia foi de muito sofrimento.
Responsável pela frase do início da matéria, a idosa conta que os bailes são parte dos seus melhores momentos semanais. Por isso, durante os dois anos que ficou afastada sentiu que estava perdendo a alegria da vida.
“Me lembro que quando a gente começou a vir aqui, não tinha homem suficiente para dançar. Então eu mesma fazia papel de homem e nem ligava, só queria dançar mesmo e agora voltamos”, conta Ivete.
Ainda com um pouco de receio, a idosa detalha que o baile de ontem (19) foi seu primeiro desde que as reuniões voltaram. “Fiquei com medo de voltar, mas é bom demais. Estou muito feliz e agora vou dançar mais um pouco, ficar aqui até quando acabar”.
Assim como Maria e Ivete se tornaram amigas graças aos bailes do Vovó Ziza, Virgílio e Aparecida, de 76 e 79 anos, contam que a dança também uniu os dois. Namorados há cinco anos, eles explicam que saem dançando por toda a cidade, mas que o do CCI é especial.
Puxando na memória sobre os primeiros encontros, Virgílio conta que conheceu Aparecida em um baile nas Moreninhas. E, por gostarem de dançar, transformaram as sextas-feiras em momento sagrado.
“A gente sai lá do Aero Rancho só para vir aqui dançar, não importa se está frio. Ficamos muito tempo em casa e agora queremos voltar a aproveitar”, Virgílio conta. Em relação à quantidade de pessoas que também voltaram a dançar, ele relata que ainda faltam muitas pessoas, mas que aos poucos o salão está voltando a ficar cheio.
Também feliz com o retorno, Aparecida é defensora do baile e diz que participa mais pela socialização do que pela dança em si. “A gente vê os amigos, se diverte e faz colegas novos. É difícil porque ficamos muito tempo com medo, mas agora voltamos a viajar, dançar e ver todo mundo”.
Sagrados, os bailes do CCI Vovó Ziza ocorrem semanalmente às sextas-feiras, das 13h às 17h. Localizado na R. Joaquim Murtinho, 5160, Tiradentes, a participação é gratuita.
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