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Comportamento

Depois de 2 anos isolados, nem frio deixa baileiros do Vovó Ziza em casa

Idosos retornaram aos bailes há um mês e contam que ficar sem os amigos de dança foi torturante

Aletheya Alves | 20/08/2022 09:28
Nem frio fez com que os "baileiros" do Vovó Ziza perdessem a sexta-feira. (Foto: Kísie Ainoã)
Nem frio fez com que os "baileiros" do Vovó Ziza perdessem a sexta-feira. (Foto: Kísie Ainoã)

“Ficar isolado, sem os bailes foi péssimo. A gente está revivendo agora”. Esse é o depoimento que une os sentimentos de muitos dos idosos que precisaram ficar em casa durante a pandemia e que, agora, comemoram finalmente o retorno dos bailes do CCI (Centro de Convivência do Idoso) Vovó Ziza.

Depois de dois anos e oito meses, os baileiros contam que não viam a hora das sextas-feiras voltarem a ser tomadas por música, dança, amizade e namoro. E, desde julho, a alegria finalmente voltou.

Garantindo que nem frio e chuva fazem com que o grupo fique em casa, Maria Rita Dias de Brito, de 78 anos, é uma das dançarinas mais fiéis do Vovó Ziza. Contando que já perdeu a conta exata de há quanto tempo frequenta o CCI, explica que há cerca de 10 anos, só deixou de ir aos bailes porque foi forçada pela pandemia.

A gente vem toda sexta-feira desde que começamos a frequentar. Na pandemia tivemos que ficar em casa, mas sentimos falta demais. Agora que voltou, nem o frio faz a gente perder”, diz Maria.

Mais do que se divertir dançando, ela narra que os bailes são os melhores momentos para fazer grandes amizades e que foi assim que conheceu uma de suas amigas mais fiéis. “A gente ficou amiga por causa do baile, senti falta demais também por isso”.

Maria e Ivete se conheceram graças ao baile e participam até hoje. (Foto: Kísie Ainoã)
Maria e Ivete se conheceram graças ao baile e participam até hoje. (Foto: Kísie Ainoã)

Uma das mais animadas do encontro, Ivete da Cruz Magalhães, de 80 anos, é a amiga que Maria cita. Confirmando a história, ela completa que a sensação durante a pandemia foi de muito sofrimento.

Responsável pela frase do início da matéria, a idosa conta que os bailes são parte dos seus melhores momentos semanais. Por isso, durante os dois anos que ficou afastada sentiu que estava perdendo a alegria da vida.

“Me lembro que quando a gente começou a vir aqui, não tinha homem suficiente para dançar. Então eu mesma fazia papel de homem e nem ligava, só queria dançar mesmo e agora voltamos”, conta Ivete.

Ainda com um pouco de receio, a idosa detalha que o baile de ontem (19) foi seu primeiro desde que as reuniões voltaram. “Fiquei com medo de voltar, mas é bom demais. Estou muito feliz e agora vou dançar mais um pouco, ficar aqui até quando acabar”.

Sem perder tempo, Ivete logo interrompeu a conversa e voltou para o baile. (Foto: Kísie Ainoã)
Sem perder tempo, Ivete logo interrompeu a conversa e voltou para o baile. (Foto: Kísie Ainoã)

Assim como Maria e Ivete se tornaram amigas graças aos bailes do Vovó Ziza, Virgílio e Aparecida, de 76 e 79 anos, contam que a dança também uniu os dois. Namorados há cinco anos, eles explicam que saem dançando por toda a cidade, mas que o do CCI é especial.

Puxando na memória sobre os primeiros encontros, Virgílio conta que conheceu Aparecida em um baile nas Moreninhas. E, por gostarem de dançar, transformaram as sextas-feiras em momento sagrado.

“A gente sai lá do Aero Rancho só para vir aqui dançar, não importa se está frio. Ficamos muito tempo em casa e agora queremos voltar a aproveitar”, Virgílio conta. Em relação à quantidade de pessoas que também voltaram a dançar, ele relata que ainda faltam muitas pessoas, mas que aos poucos o salão está voltando a ficar cheio.

Virgílio e Aparecida se conheceram durante bailes e transformaram diversão em momento especial. (Foto: Kísie Ainoã)
Virgílio e Aparecida se conheceram durante bailes e transformaram diversão em momento especial. (Foto: Kísie Ainoã)

Também feliz com o retorno, Aparecida é defensora do baile e diz que participa mais pela socialização do que pela dança em si. “A gente vê os amigos, se diverte e faz colegas novos. É difícil porque ficamos muito tempo com medo, mas agora voltamos a viajar, dançar e ver todo mundo”.

Sagrados, os bailes do CCI Vovó Ziza ocorrem semanalmente às sextas-feiras, das 13h às 17h. Localizado na  R. Joaquim Murtinho, 5160, Tiradentes, a participação é gratuita.

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