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Comportamento

Descobrir história de família fez Carlos batalhar por caminho na Itália

Desejo para desbravar a árvore genealógica veio a partir da presença de seu tio, José Octávio Guizzo

Por Aletheya Alves | 02/01/2024 07:41
Registro do navio que trouxe os antepassados do advogado. (Foto: Henrique Kawaminami)
Registro do navio que trouxe os antepassados do advogado. (Foto: Henrique Kawaminami)

Durante a vida, o advogado Carlos Magno Couto ouviu pequenos trechos sobre como sua família, de origem italiana, havia se mudado para o Brasil, mas nunca com explicações aprofundadas em relação à história como um todo. Tendo reunido o desejo acumulado com o passar do tempo, o momento de mergulhar na própria história e desbravar sua árvore genealógica o levou para uma imersão no continente europeu e uma busca incessante por documentos.

“Foi um ano de pesquisa diária, nos aprofundando em documentos, procurando informações por todos os lados. Eu e meu filho, Otávio, realmente fomos até onde conseguimos para descobrir ao máximo”, introduz Carlos. Hoje, depois de tanto esforço, as buscas se tornaram o livro intitulado “Guizzo: de Selva del Montello a Mato Grosso do Sul”.

E, é partir dele, que o advogado conta sobre sua trajetória para conseguir descobrir as origens da família. Sobrinho do músico, radialista e jurista José Octávio Guizzo, que dá nome ao centro cultural localizado na Rua 26 de Agosto, Carlos explica que foi a partir dele que tudo tomou ritmo.

Carlos conta sobre como desafios o levaram por vários caminhos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Carlos conta sobre como desafios o levaram por vários caminhos. (Foto: Henrique Kawaminami)

Durante uma conversa com o cineasta Joel Pizzini sobre produções vinculadas ao tio, o advogado notou que, na realidade, gostaria de fazer algo mais aprofundado do que uma nova apresentação sobre Guizzo. “Ele sempre teve algo de muito forte com a formação da identidade sul-mato-grossense, sobre essa busca e, hoje, acredito que isso tem vínculo com as origens italianas. Nossas origens, em Selva del Montello, também possuem essa dúvida, esse ambiente sem definição”.

Mas, antes de chegar a essa conclusão, Carlos começou o processo de investigação. “Percebi que no plano familiar, não conhecia, suficientemente, a história e a genealogia de meus ancestrais pelo lado materno, de raízes seculares, numa pequena aldeia, na região de Vêneto, Itália”, diz no livro.

Unindo pequenas dicas da família, o advogado também quis entender quem foram os primeiros italianos de sua família a chegarem ao Brasil. Para tanto, precisou correr atrás de documentos sobre a imigração em arquivos de São Paulo e do Rio de Janeiro, criar supostas rotas traçadas e viajar até ao interior de São Paulo em busca de respostas.

Busca pela família precisou ocorrer em documentos de arquivos. (Foto: Henrique Kawaminami)
Busca pela família precisou ocorrer em documentos de arquivos. (Foto: Henrique Kawaminami)

“Tudo é muito difícil porque, ao que parece, apenas quem tinha realmente muito dinheiro tinha direito a saber sobre seus antepassados. Minha família integra o grupo de italianos que, sofrendo com a crise em seu País, precisou vir para cá e se deparou com muitos desafios”, relata.

Além dos dias buscando documentos e informações, munido de conhecimentos adquiridos através de livros, Carlos e a família decidiram ir até a Itália em 2023. Especificamente, a busca foi no vilarejo chamado Selva del Montello.

“Ao chegar nas tradicionais residências coloniais, centenárias, de dois ou três pisos, construídas originalmente com paredes grossas de pedras, naturalmente, irregulares, escada, e com portas e janelas de madeira, onde meus ancestrais haviam nascido, crescido e alguns morrido, sob um vago silêncio ‘Montelliano’, senti a vida mais profunda, narra no livro.

Sobre os trajetos feitos, ele narra que seguiu o que a família teria precisava percorrer e, por isso, ingressou até em um navio que compõe as memórias dos imigrantes.  Assim, descobriu que em 1897, seus ancestrais Giacomo Guizzo e seus filhos, Antonio Guizzo e Giuseppe Cesare Guizzo partiram da vila.

De lá, foram até a Estação de Ferro de Volpago del Montello,na província de Treviso, e ingressaram no porto de Gênova. “Dali, a bordo de um navio, atravessaram um oceano em direção ao Brasil. As passagens de terceira classe foram subvencionadas pelo Governo do Estado de São Paulo”.

Com os documentos, Carlos entendeu que o grupo familiar chegou à Hospedaria de Imigrantes, mas apenas Giuseppe permaneceu no Brasil, tempos depois se mudando para Campo Grande.

“Há muita coisa que não consegui descobrir, mas a cada descoberta, a cada informação, meu coração parecia que ia explodir. O que realmente entendi é que quando conhecemos a nossa história, conseguimos conhecer mais a nós mesmos”, completa.

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