Dez anos após a morte, Maria ainda vive no coração da comunidade
Líder comunitária foi presidente do Bairro Aero Rancho de 1985 a 2014, ano que faleceu
Dez anos após falecer em decorrência de um problema no coração, a lembrança da líder comunitária Maria Bezerra, que partiu aos 69 anos, ainda vive na Rua Dona Maria Bezerra, que recebeu esse nome em homenagem a ela, e também no coração de cada uma das pessoas que, em vida, ela impactou.
Maria chegou a Campo Grande no ano de 1983 e se mudou para o Bairro Aero Rancho, onde morou até falecer, na rua que hoje carrega seu nome. Apesar de não ter avançado além do ensino fundamental, Dona Maria Bezerra era dotada de algo que nenhuma escola pode ensinar: tinha o coração puro e determinado a ajudar o próximo.
Quem narra a história é a filha, a dona de casa Irene Bezerra Diolindo, de 53 anos. De 1985 a 2014, ano em que faleceu, Maria esteve à frente da Associação de Moradores do Bairro, que começou suas atividades no quintal de sua casa.
“Com muita luta, ela conseguiu o terreno lá no final desta avenida aqui [Avenida Graciliano Ramos], onde fica a Associação. Ela trouxe muitas benfeitorias, creches e cursos de pedreiro, azulejista, computação, manicure, cabeleireiro; tirava dela para dar aos outros. Até hoje, onde eu vou, as pessoas me veem e falam: ‘Meu Deus, que falta a sua mãe faz’. Muitos agradecem por ter se formado como cabeleireira ou manicure”, relata Irene.
Irene relata que Maria sofria de arritmia cardíaca. Emocionada, a dona de casa relembra que a mãe chegou a ficar internada por dois meses no Hospital Regional. Quando recebeu a notícia da internação, ela conta que recebeu uma ligação da mãe, pedindo para a filha lhe buscar, pois queria passar em casa antes.
“Eu fui lá, busquei ela. Ela foi ao mercado fazer compra, porque ela criava um netinho, então foi lá e fez compra pra ele e deixou na casa dela, foi na Associação. Parecia que ela estava se despedindo. Levei ela para o hospital cinco horas da tarde e ela não voltou mais”, diz.
Maria Bezerra morreu no dia 18 de fevereiro de 2014, após não resistir a uma cirurgia que seria feita em seu coração. A notícia chegou como um baque para a comunidade, pois apenas a família sabia da gravidade da doença. “Ela nem demonstrava que tava passando por um problema de saúde, porque ela gostava de transmitir aquela alegria, aquele amor e carinho pelas pessoas. E foi até o último dia”.
Nos últimos meses de vida, a mãe continuou a agir indiretamente na associação. “Lá dentro do hospital, ela queria ligar pra conseguir uma muleta, uma cadeira de rodas”, relembra.“Era o dom dela. Ela acordava às 5 horas da manhã e ia atrás de ajudar as pessoas, sempre com sorriso no rosto e alegre. E onde ela ia, ela abraçava as pessoas”, completa.
Em vida, Maria Bezerra recebeu diversas homenagens, e até hoje é lembrada pela personalidade cativante, coração bondoso e pelas pessoas que ajudou, por meio das atividades desenvolvidas na Associação de Moradores do Bairro.
“Tem horas que olho no portão, e parece que eu tô ouvindo ela vir lá da casa dela a pé. Ainda tenho essa sensação de que ela vai chegar aqui a qualquer momento. Ninguém é substituível nesse mundo. Acho que pelo trabalho, pela dedicação dela, ninguém esquece”, finaliza.
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