Do lanche servido em casa veio amizade entre menininhos e garis
Há 2 meses, filhos de Lois são amigos de garis do bairro e até já "vestiram a camisa" para brincarem juntos
Para as crianças, cada exemplo importa. Na vida da prestadora de serviços gerais Loslayne "Lois" Gonzalez, 26 anos, é orgulho dizer que seus três filhos pequenos têm os garis do bairro como modelo. "Quando se tem humildade, simplicidade e honestidade no caminho, a gente chega a qualquer lugar", ensina aos meninos.
"Ele sempre teve muita simpatia pelos garis, pois diz que sempre coletam nosso lixo sem nojo, mas com um sorriso no rosto. Um bom exemplo é tudo, não é mesmo?", garante.
Essa história começou assim: há cerca de 2 meses, os filhos Luiz, Lucas e Lincoln, respectivamente de 7, 5 e 2 anos, simplesmente iniciaram amizade com os profissionais que recolhiam o lixo na rua de casa. A princípio, aquele jeitinho de criança tímida e encabulada para, depois, até pedir à mãe fazer lanche para todo mundo.
"Sempre que os garis passavam por aqui o meu mais velho pedia que eu oferecesse algo para todos eles comerem. Nunca neguei. Com isso, conversa vai, conversa vem, toda vez ele tirava uma foto junto. O especial foi os outros dois irmãos, além do filho da vizinha, seguirem o exemplo de Luiz", afirma a mãe.
"Nas sextas-feiras, era sagrado todos eles ficarem no meu pé para irem falar com os novos amigos. E assim foi indo… hoje já são 2 meses de amizade com os garis", diz.
Luiz acabou vendo uma propaganda – provavelmente na televisão, segundo a mãe – de um projeto da Solurb, a concessionária responsável pela gestão da limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos em Campo Grande, de oferecer uniformes infantis aos pequenos.
"Acabei compartilhando algumas das fotos no meu perfil do Facebook e, na última segunda-feira, fiz um vídeo dos meus meninos pedindo para também ganharem a roupa de gari. O projeto Solurbinho entrou em contato comigo e marcou de nos fazer uma visita na quarta desta semana", explica Lois.
Enquanto mãe, ela não esconde ter ficado cheia de orgulho. "Sei que muitos teriam aversão por conta do forte odor, mas não foi o caso dos meus meninos. Eles humildemente queriam estar ali junto daquelas pessoas, daqueles profissionais que trabalham diariamente mexendo com lixo".
"Outro dia mesmo eles comentaram comigo que, quando crescerem, pretendem ser garis. Acho isso bonito, pois mostra que eles realmente entendem o positivo daquilo tudo", acredita.
Para Lois, maior exemplo não existe. "Inclusive, não é porque são garis que não estudaram. Para ser alguém nessa vida, tem que passar pelos estudos, sim. Mesmo se for para ser gari, tem que saber ler e escrever também. Mas a maior lição que mostro à eles é que nunca se deve desfazer de ninguém. Respeito e dignidade é tudo", finaliza.
Para informações sobre o projeto Solurbinho, basta acessar o perfil no Instagram.
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