Doe 1h do seu tempo para uma recém mãe, você não tem noção do quanto vai ajudar
A iniciativa quer reunir mulheres que estejam dispostas a ajudar uma recém mãe, com tempo, para que ela possa realizar simples tarefas que se tornam impossíveis depois do bebê
Adriana não tinha experiência nenhuma com a maternidade. Mãe de primeira viagem, ainda na enfermaria do hospital ela recebeu a solidariedade vinda de Silvia, que sabe exatamente pelo que ela está passando e ainda vai passar. A colega de cama está grávida de 34 semanas e esteve internada junto de Adriana para controle de pressão. Nos dias em que viu Danilo dar os primeiros choros, viveu o que relata ter sido uma experiência gostosa de ajudar um recém mãe.
"Já tenho dois filhos e é muito gostoso poder ajudar. Sempre tive comigo que quando se doa, ganha-se em dobro", fala a funcionária pública Silvia Santana da Costa, de 38 anos. À espera do terceiro filho, dias depois de Adriana e Danilo receberem alta, é que ela viu que o olhar que teve é justamente uma campanha que circula pelas redes sociais.
A ONG "Temos que falar sobre isso" lançou na internet um formulário para mães se cadastrarem como doadoras ou para receber esta 1h de tempo. A descrição do projeto é clara: o objetivo é doar o seu tempo, de graça para uma mãe e ser solidária.
A iniciativa quer reunir mulheres que estejam dispostas a ajudar uma recém mãe, com tempo, para que ela possa realizar simples tarefas que se tornam impossíveis depois do bebê, como um banho demorado, um prato de comida ainda quente e ainda a ajuda amiga com o próprio bebê.
"Quando nos tornamos mães, esquecemos de nós mesmas em detrimento dos primeiros cuidados com o bebê e isso muitas vezes causa um esgotamento físico e emocional muito grande. Quando recebemos ajuda, podemos descansar um pouco, o que é precioso, ou até mesmo aprender coisas novas com quem se dispõe a estar do nosso lado, sem julgamentos, só ajudando", justifica Silvia.
Adriana, a mãe que recebeu a doação de tempo e carinho, resume a ajuda como única e muito importante. Danilo, seu primeiro filho, veio ao mundo às 19h56 do último dia 16, como resposta ao pedido dela. Durante o tratamento para engravidar, a consultora de vendas descobriu um mioma, fez a cirurgia e soube pela médica que poderia não engravidar. Só que um mês depois, Danilo foi gerado.
"E quando nasceu, eu não sabia nada, nada, nada. E ela ficou me dando apoio moral e ajuda mesmo, falando como é a vida de mãe, me ensinou a trocar, a dar banho nele e quando eu estava sem acompanhante, era ela quem fazia tudo", descreve Adriana do Rosário Marques, de 38 anos.
As duas se tornaram amigas e pretendem estender o contato além do hospital. "Foi muito legal o que ela fez, achei bem bacana e se eu puder fazer isso por outra mãe também", agradece.
Silvia só ressalta que a ajuda tem de vir sem julgamentos. "As pessoas que se dispuserem a fazer isso precisam estar cientes de que a doação deve ser livre de julgamentos e interferências", observa.
Doula, mãe e já avó, Maria Maia dos Santos é uma das que tem levantado a bandeira da doação de tempo a uma recém mãe. No puerpério, período do parto até a volta do corpo da mulher às condições anteriores à gestação, Maria descreve que existe solidão, mesmo quando há uma rede de apoio em volta da mãe.
"Às vezes mesmo com pessoas ajudando nas coisas materiais, a mulher se sente muito sozinha nas resoluções, nas definições com o bebê. É interessante a proposta para que as mulheres possam fazer companhia uma para a outra", explica.
A ajuda pode ser bem simples, basta olhar para a mãe. "Sempre que se vai visitar o bebê, se esquece da mãe. Você tem que ir visitar essa mãe, valorizar ela como pessoa, porque o bebê, na verdade, ele precisa dessa mãe íntegra", observa a doula.
Lavar a louça, fazer um almoço ou simplesmente tomar uma xícara de chá pode fazer uma tremenda diferença para quem recebe. No formulário da ONG, basta se cadastrar passando seus dados e seu período de tempo livre e esperar por uma mãe que precise da sua ajuda.
Curta o Lado B no Facebook.