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Comportamento

Dois anos de amor bastaram para esposa se arriscar por vida de Jairton

Renal crônico, ele recebeu da esposa doação de rim que colocou fim ao tratamento que fazia há seis anos

Jéssica Fernandes | 03/02/2023 06:46
Marcileia e Jairton no dia do transplante, em novembro de 2019. (Foto: Arquivo pessoal)
Marcileia e Jairton no dia do transplante, em novembro de 2019. (Foto: Arquivo pessoal)

A doença progrediu de forma silenciosa fazendo Jairton Costa, de 49 anos, perder peso, sentir dores em diferentes regiões do corpo e sono excessivo. Em 2011, o diagnóstico de insuficiência renal crônica deu início a uma série de exames, idas aos hospitais e a busca pelo transplante.

A assistente social Marcileia da Silva Sandim, de 53 anos, foi quem colocou fim à busca do repórter cinematográfico. Ambos iniciaram um namoro, mas foi depois de dois anos de casamento que descobriram a compatibilidade sanguínea que levou à doação do rim em novembro de 2019.

Para ambos o transplante ter sido possível é algo que tem explicação no plano divino. “Eu tive vários relacionamentos, mas eu falo pra ela que foi coisa de Deus ser ela a pessoa que me tirou daquela máquina”, afirma Jairton.

Repóter cinematográfico, Jairon fez tratamento durante seis anos. (Foto: Arquivo pessoal)
Repóter cinematográfico, Jairon fez tratamento durante seis anos. (Foto: Arquivo pessoal)

Antes de ser tirado da máquina de hemodiálise, Jair conta como recebeu o diagnóstico.  “Descobri que estava com problema renal em 2013, foi muito silencioso, é uma doença que não dá sinal, não dói. Quando aconteceu já fui pra máquina, tinha perdido peso, a anemia estava alta quase dando leucemia. O médico falou que meus rins estavam parados”, diz.

Na época, Jairton e Marcileia não estavam juntos. “A gente já se conhecia do passado, tinha amizades em comum”, fala Marcileia. “Quando a gente se conheceu eu estava fazendo hemodiálise há cinco anos”, completa o repórter.

A assistente social passou a acompanhar o namorado nos exames e nas viagens até o HRIM (Hospital do Rim), em São Paulo. No estado, Jairton relata que esperava receber de uma familiar o rim que precisava. “Eu estava fazendo com a minha irmã os testes, fizemos tudo e chegando lá o primeiro teste deu 100% de compatibilidade. O segundo teste deu alteração, porque ela era pré-diabética e os médicos descartaram”, explica.

Em 2020 casal viajou para o Ceará onde curtiram primeira férias juntos. (Foto: Arquivo pessoal)
Em 2020 casal viajou para o Ceará onde curtiram primeira férias juntos. (Foto: Arquivo pessoal)

Em 2018 essa notícia despertou no casal, que estava casado há 1 ano, o sentimento que tudo começaria do zero. “Minha esposa ficou ali do lado e começamos a chorar”, relembra Jairton. “Naquele momento desabamos”, afirma a assistente social.

Ainda no hospital, Marcileia comenta que tomou uma decisão. “Eu falei: 'Doutor, será que eu posso fazer um teste sem compromisso?”, conta. Após o primeiro teste, eles voltaram para casa e aguardaram o resultado. Jairton destaca que tudo aconteceu rapidamente.

“Foi muito rápido, em setembro voltamos para fazer o segundo teste e no final de outubro falei: ‘Doutor e agora?’. Ele disse: ‘Agora é fazer o transplante’”, conta.

Marcileia garante que nunca considerou desistir da doação. “Nenhum momento eu hesitei de fazer, tudo que fiz foi realmente por amor, faria por ele e faria por outra pessoa”, pontua.

Sobre o transplante, a assistente social declara que não foi por acaso ela ter conhecido Jairton. “Eu falo que tudo é Deus. Quando o ‘Já’ me conheceu, eu queria que ele fosse na minha igreja e a gente orou muito. Deus mostrou pra gente que pode todas as coisas. Ele não me colocou na vida dele (Jairton) por acaso. O ‘Já’ é uma pessoa muito alegre, companheira, família, Deus honrou ele com esse milagre”, frisa.

Após a cirurgia, ele voltou a ter qualidade de vida, trabalhar sem precisar se preocupar em organizar a agenda com exames e tratamentos. Além disso, o casal começou a fazer coisas que antes não eram possíveis, como viajar de férias.

Em 2020, eles celebraram o sucesso da cirurgia numa viagem para o Ceará. “Hoje a gente sai mais, a gente não para”, revela Jairton.

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