Durante luto, Hamilton fez de Birran uma lembrança para vida inteira
Cachorro foi adotado pelo pintor de letras há sete anos, quando já era adulto, e morreu com a idade avançada
Pouco tempo depois de perder Birran, o pintor de letras Hamilton Campos da Silva se viu com um de seus últimos artesanatos se transformando no cachorro que foi encontrado na rua e virou o amor da família por sete anos. Ainda no período do luto, ele teve a ideia de entalhar um cachorro na madeira e só quando a escultura estava pronta, percebeu que não era um bicho qualquer que estava ali, mas sim, o companheiro branco com manchinhas pretas e olhos amarelados.
Artesão desde seus 14 anos, Hamilton usa os momentos de ócio para criar peças que vão desde réplicas de ônibus até itens entalhados. Sobre suas inspirações, ele conta que a ideia chega à mente e, sem refletir muito sobre o significado, ele leva as ideias para as mãos.
Foi assim que também Birran, em forma de escultura, surgiu da madeira. “Eu estava juntando as madeiras, comecei a desenhar e pensei ‘vou fazer um cachorrinho’ e deu certo. Eu não tinha percebido na hora, mas minha esposa comentou e eu vi que era mesmo”, ele detalha.
Apegado ao cachorro, o pintor de letras decidiu que a adoção iria ocorrer enquanto estava no trabalho. “Eu estava pintando a placa de um caminhão e ele passou correndo com outros cachorros. Estava tão sujo que você nem via a cor dele e bem magro. Aí, parei o serviço e saí correndo atrás dele”, relembra.
Na primeira tentativa, Birran conseguiu fugir, mas em menos de um mês, ele voltou a aparecer e, sem ter dúvidas, Hamilton saiu correndo atrás do cachorro de novo.
“Eu fui atrás, chamei e ele foi se aproximando. Coloquei embaixo do braço e vim embora, aí, começamos a cuidar dele e até no pet shop cortar o pelo ele ia”, diz.
Por já não ser filhote na época em que foi adotado, Hamilton imagina que Birran já deveria ter cerca de quatro anos e ainda possuía problemas de saúde. “Quando ele chegou em casa, desmaiava às vezes, mas a gente foi cuidando, dando amor até que ele melhorou.”
Contando sobre a perda, o pintor de letras relatou que apesar do cachorro já ter uma idade mais avançada, a tristeza chegou e não tinha como ser diferente. Birran virou amor da família e até o luto passar, levou um tempo.
E, agora, graças às suas mãos, ao menos a lembrança de Birran não ficará apenas na mente, mas continuará na casa.
Vida em artesanato
Assim como foi no caso de Birran, Hamilton expressa detalhes de sua vida em seus artesanatos. Ao menos, é o que sua família sugere e ele acaba concordando que há sentido.
Lidando com a criatividade desde muito novo, o pintor de letras conta que criou sua primeira peça por curiosidade. “Fiz um ônibus pequeno de lata. Pegava a lata de tinta, abria, desenhava os detalhes e fazia o ônibus. Sempre gostei de mexer com essas coisas e fui aprendendo por curiosidade”, diz.
Hoje, ônibus com mais de um metro e que se aproximam cada vez mais dos reais são feitos por Hamilton. Usando materiais reaproveitados, MDF e tinta, ele conta que demora cerca de três meses para finalizar todo o objeto, que possui desde as cabines até o motor.
Além dos veículos, o artesão também faz itens entalhando a madeira, indo desde um peixe esculpido até carroça.
Há algum tempo, os objetos de Hamilton chegaram a ser vendidos pela esposa, mas por serem feitos como distração, eles acabam se tornando decoração da casa. Apesar disso, ele explica que caso alguém se interesse, aceita encomendas através do número (67) 99131-4415.
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