É hora de quebrar muros e construir pontes dentro da gente e dos outros
Nesta semana, a rinite me despertou a atenção para o acúmulo de pó à minha volta. Foi, então, que percebi que todos os ambientes que frequento diariamente estão em obras.
Me mudei no início deste ano para o Rio de Janeiro, e me deparei com uma cidade repleta de operários e máquinas pelas vias. O condomínio onde moro, coincidentemente (ou não), ainda não foi completamente entregue por causa de alguns detalhes da construção que precisam ser finalizados. Na rua do meu prédio, o asfalto está todo aberto para reparos na rede de esgoto. E, por fim, no local onde trabalho não poderia ser diferente e está em obras.
Esse conjunto de cenários inacabados me fez pensar que as obras ao meu redor tinham um significado muito maior e não apenas coincidências. O universo que me ladeava está conversando comigo de maneira gritante, me dizendo o quanto que necessito de uma reforma interna.
E cheguei à conclusão de que são os meus sentimentos que precisam de uns reparos. Não se trata mais de uma faxina na alma ou um descanso nos desgastes que os anos provocam. É muito mais do que isso.
"Mariana, sua louca! Do que você está falando, então?!"
Estou falando em quebrar muros, construir pontes, decorar janelas e portas... Muitas vezes, meus caros, com as cicatrizes que nos marcam, nosso ambiente interno vai ficando feio, mal cuidado, remendado demais, e nos acostumamos com ele deste jeito. Encontramos um contexto até para aquela rachadura que está prestes a dividir os cômodos.
Mas está errado. É preciso cuidar do nosso interior. Tudo bem lembrar que um dia aquela parede esteve estragada, mas isso não significa que os estragos não precisam ser consertados. Todos nós precisamos de reparos, de obras, de uma eterna e diária (re) construção interna.
E hoje, eu olhei com carinho para as partes quebradas dentro de mim. Mãos à obra!
Mariana Lopes é jornalista e colaboradora do Lado B.