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Comportamento

Em 10 anos, médica fez mais de 400 toucas para pacientes

Tendo aprendido a criar peças na infância, Carmencita conta que produção é forma de carinho em hospital

Aletheya Alves | 23/06/2023 06:32
Há 10 anos, Carmencita deu início à produção de toucas para os pacientes. (Foto: Arquivo pessoal)
Há 10 anos, Carmencita deu início à produção de toucas para os pacientes. (Foto: Arquivo pessoal)

Há 10 anos, enquanto produzia roupas para a família, Carmencita Sanches Lang começou a se preocupar com linhas que sobravam e não teriam destino. Trabalhando como médica em Oncologia Clínica, ela teve a ideia de criar toucas para os pacientes e, desde então, já foram mais de 400 peças entregues.

“Acho que é o carinho que a gente vai tricotando junto e dá sentido”, resume a médica do HRMS (Hospital Regional de Mato Grosso do Sul). Tendo vivido por um bom tempo na região sul do País, Carmencita conta que o amor pelas linhas nasceu em si muito cedo e, consequentemente, veio junto para Campo Grande.

Para enfrentar o inverno deste ano, cerca de 40 toucas de lã já foram produzidas e disponibilizadas no hospital, mantendo a tradição anual. “Como morei no Sul por muito tempo, lá existe esse hábito de fazer casaco de lã, touca para a família e para as crianças. Fiz isso minha vida inteira e continuei fazendo até ter  a ideia”.

Vendo a produção como algo comum na família, a médica brinca que conseguiu aprender a tricotar quando tinha apenas 6 anos por pura insistência e chatice. “Eu era impertinente mesmo, essa que é a verdade. Lembro que minha mãe fazia roupinha de bebê para uma entidade espírita e até que ela me ensinasse, eu não sosseguei”, diz.

Iniciativa envolve carinho da médica com os pacientes. (Foto: Divulgação/HRMS)
Iniciativa envolve carinho da médica com os pacientes. (Foto: Divulgação/HRMS)

Assim como a mãe da médica criava as pessoas para ajudar outras pessoas, Carmencita também se viu entrando nesse caminho pouco a pouco. “Vendo minhas linhas sobrando, comecei a ficar preocupada e fiz algumas toucas. Levei para o hospital e expliquei que os pacientes e acompanhantes poderiam pegar”.

Especificamente no caso de seus pacientes, a médica conta que os tratamentos costumam gerar a perda de cabelos. Por isso, enfrentar o inverno é ainda mais complicado.

“Via e vejo os pacientes e os acompanhantes passando frio ao irem até o hospital para os tratamentos, então as toucas são uma boa forma de ajudar. É engraçado porque a primeira reação de todo mundo é sempre perguntar quanto custa”, explica Carmencita.

Sem cobrar nada, todas as vezes a explicação é compartilhada e, assim, o carinho só vai crescendo. “No ano passado, fiz 80 toucas e até agora foram 40. Como vou todos os dias ao hospital, consigo ver como está a demanda e, a partir dela, vou fazendo mais ou menos”.

Além dos pacientes, acompanhantes também podem levar toucas. (Foto: Divulgação/HRMS)
Além dos pacientes, acompanhantes também podem levar toucas. (Foto: Divulgação/HRMS)

Tendo sido beneficiada pela iniciativa da médica, Helen Braz conheceu as toucas há dois anos quando fez tratamento contra o câncer de mama. Na época, a chefe de cozinha se encantou e decidiu que também iria ajudar a encontrar doadores de materiais para as toucas.

Para a chefe, apenas os pacientes que sentem na pele as consequências dos tratamentos entendem a importância da ação. “Engajei junto com ela e fiz uma campanha no meu restaurante e na internet para conseguir doações e, no ano passado, por exemplo, conseguimos bastante lã”.

Tratando-se de uma iniciativa voluntária, o HRMS também segue aberto para doações de lã. Para ajudar, é necessário procurar pela médica no setor de Quimioterapia do Hospital Regional de Mato Grosso do Sul.

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