Em 40 anos, pizzaria teve cardápio 'novo' todo dia e 1° rodízio da cidade
Celebrando 40° aniversário essa semana, o restaurante guarda diversas memórias
Em quatro décadas de história, o empresário Paulo de Costa, 68, viu sua pizzaria sobreviver à alta inflação e à escassez de mercadorias, mas também colecionou diversos momentos de aquecer o coração, desde pedidos de casamentos a aniversários comemorados. A pizzaria também foi a primeira em Campo Grande a servir rodízio, que na época custava R$ 6.
Localizada no Centro de Campo Grande, a Dom Pauligi comemora nesta semana 40 anos de história e tradição na cidade de Campo Grande, e mesmo após passar por reformas, e ter tido boa parte da mobília substituída aos longos dos anos, o restaurante ainda guarda diversas memórias, sejam elas em fotografias, ou até mesmo nas paredes do salão, que é decorado com diversas obras feitas pelo artista Fausto Furlan, que foi um cliente especial da pizzaria.
Nascido no Rio Grande do Sul, Paulo se mudou com a família para Campo Grande em 1983, após a empresa que ele trabalhava, no Estado do Paraná, ser transferida para a Capital Morena. Ele chegou aqui com o filho mais velho, Paulo Junior, ainda bebê, e a ex-esposa grávida da filha do meio, Marisa.
Quando a empresa decidiu voltar para Curitiba, Capital do Paraná, ele pediu desligamento, pois não queria mais ir embora de Mato Grosso do Sul. Bem humorado, ele conta que o motivo por optar ficar em Campo Grande foi simples: tanto para fugir do frio quanto pela saúde do filho. “Ele tinha muito problema respiratório lá, e aqui melhorou fantasticamente, o clima fez muito bem pra ele aqui. E Curitiba é muito fria e úmida”.
Abrir uma pizzaria era algo que já estava na mente de Paulo, pois além de ser descendente de italianos, sua mãe fazia pizzas, e ensinou a ele como reproduzir as receitas. Ele começou seu negócio com apenas cinco funcionários, em um estabelecimento na Rua Maracaju, antes de mudar para a Rua Arthur Jorge, onde está até hoje.
“Pizzaria de três gerações”
Paulo relata que muitos dos clientes fieis da casa frequentam o restaurante desde a juventude. Ele conta que testemunhou muitos namoros, que viraram casamento, e que hoje frequentam a pizzaria com os filhos e os netos. Por isso, o empresário costuma dizer que o restaurante é “uma pizzaria de três gerações”.
As crianças também ocupam um espaço especial nessa história. Paulo costumava presentear os pequenos, que frequentavam o restaurante, com pirulitos. O ato virou uma tradição na casa, que é mantida firme e forte até hoje. Ele ressalta que também foi um dos primeiros estabelecimentos a oferecer “espaço kids” na cidade.
Inflação e escassez
O caminho até se tornar um restaurante consolidado em Campo Grande foi árduo. Paulo relata que os primeiros anos do empreendimento foram difíceis, pois a pizzaria estava começando a “engatinhar” quando o país começou a sofrer com a inflação.
A pizzaria abriu suas portas no ano de 1984, o que Paulo não esperava era que nos anos seguintes o país fosse enfrentar um período de insegurança econômica e escassez de alimentos, fazendo com que manter as portas abertas se tornasse um desafio.
“No governo Sarney, houve um congelamento de preços. Eu mudava o preço do cardápio todos os dias, porque todo dia mudava o preço das coisas. Chegamos a ter um mês com 84% de inflação. Eu comecei a pagar os funcionários semanalmente, porque se pagasse mensalmente, ele chegava no final do mês e ele não ia receber nada, [porque] a inflação teria tomado aquele dinheiro dele. Era uma loucura”, relata Paulo.
O cardápio, inclusive, tinha os preços preenchidos com lápis, para que ele pudesse apagar e ajustar os valores todos os dias.
No ano de 1998, passado o período de crise, o restaurante se tornou o primeiro em Campo Grande a servir pizzas no modelo de rodízio aos clientes. Na época, era cobrado o valor de R$ 6 por pessoa para comer à vontade na casa.
Atualmente, a casa serve em torno de 60 sabores de pizza, incluindo a autoral Dom Pauligi, e os carros chefes da casa: costela com mandioca, corumbaense, pantaneira, estrogonofe e a tradicional calabresa.
Legado passado adiante
Apesar de não abrir mão de ir para o escritório todos os dias, Paulo revela que pretende, aos poucos, ir se aposentando de suas funções na administração da pizzaria. Atualmente, quem cuida da parte financeira, além de tratar com fornecedores e cuidar do estoque, é ele e a filha caçula, Bruna de Costa, 37, que pretende assumir o legado do pai.
O desejo de Paulo, é que a filha continue o que ele começou, e que conquiste a frente do restaurante mais bons anos de história e tradição. “Eu já estou assumindo esse legado e pretendo manter o negócio por mais muitos e muitos anos. É uma responsabilidade enorme para mim, pois ser empreendedor é um grande desafio. Espero fazer jus à confiança que meu pai deposita em mim”, declara Bruna.
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