Em Campo Grande, Gabriela Prioli fala sobre equidade de gênero
Em palestra, advogada revelou estimativa de que ainda levem 134 anos para alcançar a paridade de gênero
O Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camilo recebeu na tarde de sexta-feira (28), a advogada Gabriela Prioli, para uma palestra sobre “Igualdade, Paridade e Democracia”, que encerrou as atividades do 2º Congresso Nacional e Estadual Mulheres pela Paridade (Compar).
Gabriela Prioli é advogada especializada na área criminalista, além de ser professora universitária e apresentadora do programa Saia Justa, da GNT. Ela esteve em Campo Grande para o encerramento do evento, que visa ampliar o diálogo e fomentar iniciativas associadas à paridade e igualdade de gênero na sociedade.
O evento foi organizado pelo Fórum Permanente pela Paridade Institucional e Política das Mulheres, e correalizado pela Prefeitura Municipal de Campo Grande, através da Semu (Subsecretaria Municipal de Políticas para as Mulheres).
Com o intuito de gerar reflexão e fazer as mulheres se perguntarem que lugares elas ocupam, quais gostariam de ocupar, e como a estrutura da sociedade patriarcal as impactam, Gabriela ilustrou, por meio de contação de histórias, situações em que os homens naturalmente costumam levar vantagens sobre as mulheres, ou estão em posições de vantagem mascaradas pela estrutura social em que estão envolvidos.
Na ocasião, a advogada aproveitou para compartilhar narrativas vivenciadas por ela mesma, além de dados sobre a equidade de gênero.
De acordo com os dados do Fórum Econômico Mundial, apresentados na palestra, a estimativa é de que ainda levem 134 anos para que o mundo alcance a plena paridade de gênero. Em sua fala, a advogada ainda destacou que a maior desigualdade está nos setores da economia e da política, onde está concentrada as posições de tomada de decisões.
Para a advogada, este fato não é mera coincidência. “São os espaços de tomada de decisão, são os espaços de poder. O Brasil, no levantamento de 2022, ficou no segundo pior lugar em representatividade política, feminina, entre os países do G20. Consequentemente, se nós não temos mulheres no topo dessa pirâmide, a tomada de decisão não considera os interesses femininos”, explicou Gabriela.
Ainda sobre os dados apresentados, Gabriela expôs um levantamento sobre a quantidade de gerações que ainda faltam para alcançar a paridade por região. Na América Latina e Caribe, a estimativa é de duas gerações. Na América do Norte e África Subsariana, o número sobe para quatro. Na Europa são três, no Oriente Médio, Sul da Ásia, Leste Asiático e Pacifico, a estimativa é de sete gerações. O pior cenário é na Ásia central, com nove.
Gabriela ainda destacou que, enquanto meninos são criados acreditando que são mais inteligentes e recebem incentivo para aprimorarem suas habilidades, meninas crescem enfrentando desconfiança sobre sua capacidade, o que é fator de contribuição para que mulheres sejam frequentemente desacreditadas e tenham suas habilidades questionadas.
“Nós somos vistas como menos competentes em todos os espaços que a gente ocupa. Esse é um gap de autoridade. Os dados mostram que as mulheres não ficam atrás dos homens em avaliações que desempenham em nenhum campo. E mesmo assim, a nossa crença é de que as mulheres são menos competentes”, ponderou.
Após apresentar exemplos de mulheres que foram importantes para a história mundial, além de exemplificar situações em que mulheres foram tachadas de “difíceis de lidar”, apenas por tomarem uma posição de autoridade e tomada de decisões, Gabriela finalizou a palestra, compartilhando uma história pessoal.
Ela relembrou a primeira vez que chegou no estúdio para gravar um programa de televisão, após viajar a trabalho. Ela relata que foi questionada se morreu de saudades da filha. Ela confessa que quis dizer que sim, mas disse que não, pois tinha plena certeza de que a criança estava sendo bem cuidada na sua ausência.
Com essa atitude, ela quis mostrar que mães são, acima de tudo, pessoas que possuem sonhos e vontades próprias, e que a vida de uma mulher não deve parar só porque ela se tornou mãe, e que mães não devem se sentir culpadas por conquistarem cargos, viagens ou qualquer outra coisa longe de seus filhos. Além disso, ela concluiu dizendo que as mulheres precisam reafirmar sua felicidade e autonomia, para que suas filhas façam o mesmo.
“A gente só vai conseguir ensinar as nossas meninas que elas podem ser felizes se a gente legitimar a nossa felicidade. Então meu pedido para vocês é que quando vocês chegarem na cadeira, vocês se sentem na cadeira”, finalizou.
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