Em chácara, fotógrafo registra um "sim" emocionante: o casamento da própria mãe
No último sábado, fotografar um casamento teve outro sentido. A emoção era de alguém envolvido atrás das lentes. De fotógrafo, Renan Kubota tem 4 anos, de filho de Rosimeire, 27. O último "sim" registrado foi carregado de sentimentos. A noiva que cruzou o corredor sob os olhos de todos os convidados era a mãe.
Viúva do pai de Renan, Rosimeire subiu ao altar pela segunda vez no final de semana que passou, na chácara da família da noiva do fotógrafo, em Campo Grande. Olhando as fotos, o desejo de felicidade ao mais novo casal é multiplicado infinitas vezes. "Sábado, fotografei um casamento diferente, o da minha mãe", disse Renan.
Formado em Jornalismo, professor universitário, Renan tem experiência em redação e vem trocando, aos poucos, o Fotojornalismo pelos casamentos. A paixão pela fotografia surgiu ainda na faculdade e depois de cursar duas disciplinas em Jornalismo, ele se encaixou na grade de Artes Visuais para continuar o contato com a matéria que mais gostava.
"As cerimônias têm um pouco do Fotojornalismo. Você não tem como ser imparcial. Você acredita em certas coisas, vê o mundo de uma certa maneira e leva isso para a fotografia. Quando fotografo um casamento, é um momento muito íntimo da pessoa e se você não acreditar no que está fazendo, não vai fazer um bom trabalho. Você tem que se envolver naquilo", defende Kubota.
Acostumado a registrar entradas de noivas, damas, "sim" e os votos, foi a primeira vez que ele se viu tão envolvido assim.
"Eu fotografo muito casamento, mas assim você não tem envolvimento com a pessoa. Às vezes até conhece, às vezes é um amigo seu. Mas é difícil ser alguém tão próximo a você. Ao mesmo tempo que é legal, é mais difícil fotografar", conta Renan.
A dificuldade, segundo ele, está porque quem solta o flash já está mais do que acostumado a ver aquela pessoa. Se tratando de Rosimeire então, vê-la há quase três décadas. "Não sei te dizer o que é diferente, me emocionou. Eu fiquei feliz por ela, mas assim, não cheguei a chorar", afirma.
A felicidade foi dividida por ver que ao lado da mãe, o padrasto dizia sim pela primeira vez. "Ele nunca se casou na vida e já tem uma certa idade. Nunca tinha casado, nem no cartório e nem no civil. Ele era mais 'noiva' no casamento do que ela, estava mais ansioso", descreve a reação do noivo.
Não teve contrato. As fotos eram presente do filho para mãe. O casamento em si seria só no cartório, com um almoço entre família e poucos amigos. Só que de última hora, os noivos resolveram aumentar a festa. "Mas independe, eu ia lá fazer as fotos para ela", confirma o fotógrafo.
Antes da entrada de Rosimeire, um priminho de Renan passou pelos convidados até o altar com uma plaquinha "lá vem a noiva", anunciando o que estava prestes a acontecer. O casamento foi simples, sem cerimonialista, tudo foi organizado pelo casal e sem os rituais tradicionais. Exceto, a parte em que a noiva joga o buquê.
Fotografando todos os momentos, foi quando um amigo, também fotógrafo, chegou ao casamento que Renan pode enfim ser registrado ao lado da mãe. "Minha mãe ela acabou sendo um pai e uma mãe pra mim. Ela me criou, meu pai faleceu eu tinha 12 anos e ela segurou toda a barra e propiciou para que eu pudesse estudar". As palavras saem com gratidão da voz do filho.
Rosimeire Carvalho, agora Taniguchi, sobrenome do marido Yutaka, tem 45 anos e um sorriso que transparece felicidade. "Para mim, foi uma emoção muito grande ter meu filho fotografando. Eu ficava emocionada e na mesma hora, queria que ele saísse nas fotos comigo".