Em condomínio no Rita Vieira, para falar no celular só debaixo de árvore
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"Sua chamada está sendo encaminhada para a caixa de mensagem...". É esta a gravação que se escuta do outro lado ao ligar para o celular do morador de um condomínio na região da Avenida Três Barras, no bairro Rita Vieira, aqui na Capital. Para ele, o celular nem toca e não acusa qualquer tentativa de ligação. O aparelho está ligado e tem bateria, a única explicação vem da ausência total de sinal. Nem um pauzinho se quer indicando torre.
O Lado B foi até o residencial e presenciou uma cena que é típica para quem mora ali. A aglomeração de gente debaixo da árvore, o único ponto entre os blocos onde o sinal de celular chega. Na tarde em que fomos, devido à chuva, eram apenas dois vizinhos. Mas no geral, é um escutando a conversa do outro.
"Acontece que não pega aqui dentro. Você não vai conseguir ligação se fizer dentro de casa, tem que sair aqui fora", fala sobre a condição imposta, a moradora Paula Ronqui, de 30 anos. Uma das primeiras a se mudar para a região, ainda em 2012, foi justamente ela que detectou o problema e também achou a solução.
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"Fui eu que descobri, ficava rodando, rodando para ver onde pegava sinal. Foi assim que achei a árvore. Eu saía de casa e vinha aqui", descreve. Ela mora no bloco à frente da árvore, só precisa atravessar a rua do residencial.
"Todo mundo vem na árvore ou então fica gritando dentro de casa 'o quê? Está cortando a ligação', não tem condições. Senão vem aqui fora, não pega, não fala", explica Paula.
A moradora sustenta que são todas as telefonias de celular. O mesmo vale também para o pacote de internet. "WhatsApp só no wi-fi dentro de casa. Já liguei na operadora, eles fizeram uma reconfiguração, mas não adiantou", a gente ouve de outro morador.
Na tentativa de ter sinal, Paula diz que procurou pela operadora, assim como os demais moradores e o que obteve de explicação técnica é a localização. "Eles dizem que é porque a gente está entre o Vilas Boas e o Rita Vieira e que o condomínio fica no meio de duas torres, então ficamos com o resto do sinal, mas aqui não tem nenhum", reproduz.
A preocupação dela chega a ser engraçada. "Se cortar a árvore a gente não fala", brinca. Pergunto como é falar ao telefone tendo 'plateia' e ela pontua que da mesma forma que ouve as conversas, sabe que é ouvida. "As pessoas ficam sabendo de tudo o que a gente está fazendo. Vendi um apartamento este ano e todo mundo escutou", recorda.
E o dilema não se restringe só a Paula. Síndico de um dos residenciais da região, Conrado Bucker, de 36 anos, descreve a mesma situação desde o início do ano. "Fica oscilando muito, os moradores precisam tentar sinal dentro do apartamento de um lado para o outro. Dizem que vão resolver, mas até agora..."
O jeito é ir para debaixo da árvore mesmo, cumprimentar o vizinho e ainda perguntar 'será que chove?'