Emoção de Marithê foi deixar de registrar mortes para fotografar vida
Fotojornalista, Marithê passou anos registrando tragédias, agora ganha a vida fotografando nascimentos
Em nosso contexto social, morte é notícia. É notícia porque causa curiosidade, e curiosidade, grosso modo, é notícia. Mas o contato permanente com a crueza da morte é sempre uma questão na vida do jornalista. Muitos (a maioria) dizem que já se acostumaram, que faz parte do ofício. Pode até fazer, mas ninguém me engana que esse tipo de cena, de gente morta, faz bem.
Parto de experiências pessoais. A morte vista de perto te desloca. Te mostra, de algum modo, que poderia ser você. É um processo de desumanização, de te dizer implicitamente que a vida é assim: um dia pode tê-la nas mãos e outro não, e isso é desesperedor quando posto a sua frente.
A Marithê do Céu, isso mesmo, Marithê do Céu, jornalista e fotógrafa, de 29 anos,sabe bem do que estamos falando. Na verdade, já estamos falando sobre ela, sobre parte da vida dela. Trabalhando em sites de notícias por muito tempo, foi obrigada a registrar várias mortes. Quase como um arco de redenção, Marithê está completando quatro anos fotografando partos. Isso mesmo, ela deixou de fotografar mortos para fotografar a dádiva da vida.
“Todos os dias tinha que fotografar alguma tragédia, dentre elas tive a infelicidade da primeira ser um acidente com vítimas fatais, dentre elas um garoto de oito anos. Lembro como se fosse hoje a tristeza que eu senti por ver a cena, rezei baixinho, fiz algumas imagens e segui. Percebi que isso tornou-se recorrente, cada dia eu tinha que registrar o fim da vida de algumas pessoas”, conta Marithê
A “salvação”, segundo ela, veio durante uma festa de 15 anos que participava. “Pedi para uma prima se poderia fotografar o parto do filho dela e recebi um sim cheio de empolgação. Theodoro nasceu e junto com ele nasceram a mãe, o pai e a fotógrafa de partos que depois daquele dia decidiu que era isso que queria fazer pelo resto da vida, fotografar nascimentos”.
Nascia ali, como ela mesma diz, não só uma nova profissional, mas uma nova pessoa. “Eu sempre procuro entender o que está acontecendo, isso me facilita poder captar os momentos da melhor maneira possível. Como é um momento de grandes emoções, com certeza absoluta, a empatia com a gestante faz toda a diferença. Em todos os partos eu procuro registrar o quê aquela família vai gostar de lembrar daquele momento quando verem as fotos. Costumo dizer que a fotografia de parto é um portal que te leva de volta ao dia que a mãe e o pai conheceram o verdadeiro amor de suas vidas”.
Marithê diz que é muita responsabilidade estar presente nesse momento da vida das pessoas, e se sente grata por isso. “Parece mágica tamanha emoção que envolve a chegada de uma criança ao mundo. Não há um parto que eu não me emocione e derrube algumas lágrimas. A minha entrega é 100%, teve partos que eu fiquei mais de 20 horas acompanhando e acredito que é por isso que o resultado seja tão satisfatório”.
Entre partos domiciliares, normais e cesáreas Marithê já fotografou 31 nascimentos. “Todos foram muito emocionantes e incríveis, mas dentre esses poder fotografar o nascimento dos filhos de alguém da minha família ou de amigas próximas, me trouxe uma emoção a mais pelo amor já estar envolvido”.
Entre partos domiciliares, normais e cesáreas já fotografei 31 nascimentos. “Todos foram muito emocionantes e incríveis, mas dentre esses poder fotografar o nascimento dos filhos de alguém da minha família ou de amigas próximas, me trouxe uma emoção a mais pelo amor já estar envolvido”.
Para conhecer mais do trabalho de Marthê, você pode acessar sua página profissional no Instagram, a Thê Fotografia.
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