"Escrevo o amor", diz Levi, o pedreiro poeta que sonha em lançar livro

“Eu não cheguei à faculdade e nem ao curso superior, mas sempre foi minha vontade, nessa minha ansiedade, sou poeta do amor”.

“Poeta do amor”, é assim que Levi Bezerra da Silva, de 62 anos, se apresenta. Sentado em tijolos numa construção no bairro Aero Rancho onde ajuda o irmão, Levi fala sobre o dom que carrega consigo de colocar no papel todas as formas de amor que pode contemplar.

“Eu escrevo sobre o amor. Existe amor de pai, de mãe, de filho, de irmãos, amor de amigo, amor pelas coisas, o amor é um sentimento universal e é sobre isso que tento falar nas minhas canções e poesias”, diz Levi.

Fã da dupla sertaneja Milionário e José Rico, Levi diz que tira inspiração para o que escreve principalmente da letras de músicas. “Eu ouço muito música e absorvo muito a letra das músicas. Eu ouço de tudo desde que tenha uma letra bonita, saudável, que transmita uma mensagem”.

Levi é natural de São Paulo, criou-se no Paraná e depois voltou para o estado paulista pra trabalhar. Lá, aprendeu ofício de pintor, que exerceu grande parte da vida e de onde tirou o dinheiro para sustentar os cinco filhos.

Levi se mudou para Campo Grande em 1991. Atualmente, por conta de um sério problema de saúde, não pode pegar pesado, por isso faz apenas bicos em obras que o irmão administra a fim de ganhar algum dinheiro.

Apesar do orgulho de ter trabalhado nessa profissão, é bonito ver como os olhos de Levi brilham quando fala de suas poesias. Brilham mais ainda quando pensa na possibilidade de vê-las lançadas em um livro ou musicadas por um artista.

“Meu sonho é ver minhas músicas tocadas por alguém famoso sabe. Muita gente sempre me falou que eu tenho talento, que minhas músicas são bem melhores que muitas que estão aí, mas eu nunca tive foi oportunidade”.

A sensibilidade e habilidade com as palavras vem de outras gerações. Analfabeto, o avô de seu Levi era um repentista e trovador e um dos homens mais inteligentes que conheceu, segundo ele. “Meu avô era um analfabeto culto, ele era um trovador repentista. E esse dom passou pra gente”.

A ideia de colocar as angústias no papel nasceu no começo da década de 80. “E por meio da escrita que me expresso. Se estou triste, alegre, angustiado por qualquer coisa, a minha válvula de escape é o caderno e vai ser sempre assim, me ajuda a viver”.

Levi está sempre com sua bolsa, um caderno e uma caneta. A qualquer momento pode surgir observações geniais como: “Diferente do roda moinho, o amor não nasce do nada”, fazendo uma referência ao fato do roda moinho ser movido pelo vento, algo invisível.

São analogias riquíssimas, que surgem de um olhar sincero, puro e sonhador. “Quando um dia era criança, sonhava e tinha esperança, de conhecer a felicidade (...) Quando me lembro das juras de amor, que me fizeste no altar, me sinto o pior dos seres humanos, mas no caminho dos desenganos, continuar é preciso, não sei se consigo continuar”.

Veja a baixo levi declamando um de seus poemas:

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