Estiloso e radical, Juca não tem medo do perigo e encara trilhas ao lado do dono
Ele é o amigo inseparável do biólogo, Murilo Moreira de Souza, e juntos gostam de se aventurar nas matas e conhecer cachoeiras
José Carlos Moreira de Souza, mais conhecido por Juca, é aquele cão aventureiro que não tem medo de desafios, apesar da raça. Quando o assunto é trilha, é comum ver cachorros de grande porte e não um poodle de óculos escuros e chapéu que espera o dono, Murilo Moreira de Souza, 28 anos, ao lado do carro. É só abrir a porta que entra sozinho e ainda late para o motorista chegar logo.
Adora se aventurar na mata, escalar os paredões e tomar banho nas cachoeiras. Em um ano e meio, enfrentou vários percursos e já percorreu cerca de 200 quilômetros de trilha. “Fomos a Rio negro, Coxim, Bonito, São Gabriel do Oeste, Dourados. Quando estamos na natureza percebo a alegria dele, fica correndo de um lado para o outro, dando pulinhos até cansar”, conta o parceiro.
O poodle gosta de estar no estilo, com os "cabelos" pintados de roxo ou colorido. Há três anos se tornou o melhor amigo de Murilo, que é biólogo. A dupla se conheceu em Nova Andradina, a 297 quilômetros de Campo Grande e, foi amor à primeira vista. “Ganhei o Juca enquanto passeava com o cachorro dos meus pais. Virou meu filho”.
O laço de amor e amizade só aumentou quando eles descobriram o gosto em comum por trilhas e resolveram desbravar a natureza juntos. As aventuras começaram quando Juca acompanhou Murilo num caminho de 10 quilômetros. “Era um percurso difícil, com subidas íngremes, pedras, descidas e leito do rio era uma correnteza forte. Porém, não tinha experiência e acabou se perdendo”.
“Chamei várias vezes pelo nome, mas não respondia. Fiquei um tempo ali esperando, depois desisti e quando estava retornando para o percurso, ouvi o latido dele. Fui até lá e encontrei o Juca acuado em cima de uma pedra”, recorda Murilo.
Contudo, apesar do ocorrido, o cão ainda demonstrava interesse pelos passeios e não podia ouvir a palavra “trilha”, que ia até a mochila do dono. “Vai onde está os equipamentos que uso nos caminhos e fica esperando”, diz o dono.
Contudo, para os passeios continuarem, os dois tiveram que melhorar a relação de companheirismo. “Tive que ensinar alguns comandos porque a primeira coisa quando se está na trilha é o cachorro obedecer quando chamar pelo nome. Passei a trabalhar com ele perto, dou recompensa. Hoje já entende melhor”.
Juca também se tornou um bom observador e agora segue os passos de Murilo. “Olha onde estou pisando, para onde vou e faz o mesmo caminho. Pegou gosto pela coisa e quando tem paredão consegue escalar mais rápido que eu. Às vezes, vai na frente sentindo o cheiro e teve um momento ele percebeu que tinha uma cobra na trilha. Avisou com latidos”.
O cãozinho é corajoso, mas sensível por conta da raça. Por isso, Murilo passou a melhorar a alimentação do companheiro com ração, carnes e frutas. Isso facilita para quando estiverem na mata e o cãozinho sentir fome. “Pode passar mal, por isso dou outros alimentos”, explica.
As trilhas costumam ser feitas de duas a três vezes por mês. Apesar de Juca estar mais experiente, Murilo relata os dois fazem apenas trilhas curtas. “Levo na cachoeira do Ceuzinho, Inferninho. Já se adaptou bem a rotina e adora. Faz o percurso e quando chega na beira do rio se joga na água. Nada até chegar ao outro lado da margem”.
Murilo relata que, assim como Juca, sempre gostou de estar na natureza. O amor despertou ainda na infância, por conta dos pais. “A gente acampava e pescava na beira do rio. No curso de Biologia começamos a fazer trilha para pesquisas a campo, e logo me tornei um mochileiro. Passei a viajar para outros estados e países, quando chega numa cidade nova minha vontade é conhecer as cachoeiras, picos, andar no meio da vegetação”, conta.
Compartilham a mesma paixão e por isso, Murilo tem planos para as férias de fim de ano. Quer viajar com Juca ao Uruguai, onde enfrentarão novos desafios. “Estamos nos programando. Vamos por terra para porque é mais fácil para tirar a permissão para ele”, diz.
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