Estrelinha morou por 27 anos na Moreninha e agora foi iluminar o céu
Estrelinha deu os melhores conselhos para quem morou no bairro na década de 90
Na varanda de casa, estavam o filho, irmão mais próximo entre os dez e sobrinhos. Todos compartilhando o mesmo sentimento de saudade da Estrela, que por muito tempo brilhou no coração dos familiares e da vizinhança do Moreninha III. O nome dela era Nilza, mas ninguém a chamava assim.
O apelido carinhoso de Estrelinha, segundo o filho, surgiu quando ela era inspetora na Escola Estadual Lúcia Martins Coelho, os alunos faziam bagunças e ela conversava com eles de um jeito muito carinhoso, sabia conquistá-los. Vai ver que as palavras brilhavam aos olhos e ressoavam aos ouvidos de quem estudava ali.
Na visão de Silvio Kléber Macêdo, 45 anos, Nilza ganhou o apelido porque, além de sempre ter na ponta da língua uma palavra bacana e inspiradora, ela também "gostava de andar arrumadinha, sempre vaidosa. Só tinha o Centro Comunitário das Moreninhas para ir em festas, era nosso pub da época, ela sempre estava ali, cuidando do salão, dos jovens para não brigarem, com conselhos que só ela tinha", contou Silvio, morador há 40 anos do bairro. Na época em que conheceu Estrelinha, ele tinha 17 anos.
Estrelinha tinha algumas marcas registradas. Usava sempre chapéu, pulseiras, colares e tinha um ânimo para festar que só ela. A qualidade mais citada pelos familiares é que a bonita sabia unir as pessoas.
Isso era tão dela, que nos momentos quando viajava rumo a Cuiabá para visitar, todos faziam questão de ter ela por perto para conversar, dar risada e terminar o dia com uma boa comemoração. E olha que não precisava nem de motivo.
A repórter do Lado B ficou curiosa para saber, se numa possível pergunta de sinuca de bico: qual cidade é melhor: Campo Grande ou Cuiabá? Qual resposta seria de Estrelinha, já que ela nasceu e morou até seus 15 anos no estado vizinho, Mato Grosso. Em meio a risadas, disseram que ela jamais daria um veredito final. Mas entre eles, sabiam que a Cidade Morena estava no coração dela, porque o que não faltou foi convite para Nilza voltar a morar na capital vizinha, já que todos os familiares moravam por lá.
De dez irmãos, Estrelinha tinha uma única irmã com quem sempre trocava boas risadas. A sobrinha Maria Lúcia Pereira da Rosa, 53 anos, deu risada ao lembrar que as duas quando iam dormir juntas, ficavam conversando a noite toda. "Quando a gente olhava, as duas meio que cochilavam, aí do nada, de madrugada, acordavam e voltavam para o 'tetererêtete', não tinha como não rir", lembrou.
Já o irmão Jorci Boamorte da Silva, 80 anos, se emocionou ao dizer o tanto que sua Estrelinha vai fazer falta. Os dois eram os mais apegados entre todos. Sempre conversavam pelo telefone. A sintonia era tanta que Jorci pareceu sentir que sua querida irmã já estava de partida. "Eu almocei e dei meu tradicional cochilo. De repente, escutei um barulho forte no portão e uma voz me falando para ficar bem, naquele momento, parece que senti que ela estaria partindo", revelou. Naquele mesmo dia, o sobrinho ligou para contar a triste notícia.
No coração de todos, ela sempre será lembrada por todo bem que fez a todos e, claro, pelos melhores conselhos, que somente a Estrelinha tinha. Para quem deseja fazer uma última despedida, o velório será das 8h às 13h, na R. Francisco dos Anjos, 442 - Universitário.
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