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Comportamento

Euler faliu, amputou pé e viu família morrer, mas não perde a esperança

Após várias perdas, salgadeiro famoso continua sorrindo e conta com ajuda de vizinhos para construir sua casa

Thailla Torres | 09/07/2022 07:21
Euler na porta da casa que vive hoje, enquanto espera pela construção da casa nova. (Foto: Henrique Kawaminami)
Euler na porta da casa que vive hoje, enquanto espera pela construção da casa nova. (Foto: Henrique Kawaminami)

A perda da esposa e da filha em um acidente de trânsito, o fechamento da empresa em plena pandemia, a fratura de um fêmur que traz dores até hoje e amputação de um pé como uma das consequências da covid-19. Isso tudo são momentos difíceis da vida do salgadeiro Euler Ferreira dos Santos, que convive com uma série de traumas.

Mas há outras marcas pouco lembradas em momentos de dor que hoje ele faz questão de ressaltar: o de ter sobrevivido a covid e sua devastação desde 2020, o número de amigos que ganhou ao longo da vida, e que hoje são personagens principais de sua história. E ainda a fé, que o faz sorrir todos os dias e atenuar qualquer dor causada pelos momentos difíceis.

E o sorriso que encontramos ao chegar na residência em que vive foi o mesmo que cativou vizinhos de Euler a fazer uma movimentação no bairro para levantar recursos e ajudar na construção da casa do salgadeiro.

Salgadeiro se emociona ao lembrar da família, das dificuldades e da empresa que precisou fechar na pandemia. (Foto: Henrique Kawaminami)
Salgadeiro se emociona ao lembrar da família, das dificuldades e da empresa que precisou fechar na pandemia. (Foto: Henrique Kawaminami)

A residência que vive hoje um dia foi sua, mas ele vendeu o imóvel depois da separação com a esposa e usou sua parte do dinheiro para comprar um terreno no Vivendas do Parque. No entanto, sem dinheiro para comprar materiais de construção e com dificuldades para botar a mão na massa e “erguer a residência", ele precisou da ajuda de amigos.

Um dos vizinhos fez o projeto e se dispôs a movimentar os amigos para conseguir os materiais. Mão de obra também será colaborativa, com intuito de ver, ainda esse ano, seu Euler morando na casa própria.

“Por enquanto moro aqui de favor. Eu vendi essa casa para um pastor, que deixou eu ficar aqui até minha casa ficar pronta”, explica Euler.

Quando começa lembrar da movimentação dos moradores para construção da residência os olhos enchem de lágrimas. “Me desculpe o choro, mas é que nesses momentos que a gente vê que ter fé vale a pena e que ainda há pessoas muito boas nesse mundo”.

Mesmo com os desafios, ele mantém em casa o maquinário para fazer pães e sonha voltar a fazer salgados. (Foto: Henrique Kawaminami)
Mesmo com os desafios, ele mantém em casa o maquinário para fazer pães e sonha voltar a fazer salgados. (Foto: Henrique Kawaminami)

O que mais o entristece hoje é a dificuldade em aposentar. Depois de ter o pé amputado por causa de um trombose após diagnóstico de covid-19, ele luta para conseguir a aposentadoria, mas após 4 perícias nada foi decidido. “Tenho 27 anos e 10 meses de contribuição, mas não consigo aposentar. Entrei no LOAS para não passar fome”, diz mencionando o benefício para a pessoa com deficiência e que comprove ser baixa renda.

Euler também sofreu uma queda na panificação que tinha em casa em 2019. No acidente quebrou o fêmur e passou por cirurgia para colocar pinus. Até hoje sente dores, mas quando voltou a andar teve a covid e voltou para a cadeira de rodas quando teve o pé esquerdo amputado.

Dos 5 filhos, Euler já se despediu de dois na vida. Uma morreu aos 16 anos junto com a mãe (e primeira esposa de Euler) em um acidente na estrada. Outro faleceu quatro dias depois de nascido.

Todos esses momentos difíceis por um tempo fizeram Euler chorar, mas hoje ele diz que foge da tristeza. “Quando ela vem eu me lembro que estou vivo, que tenho amigos e quero viver. Lembro também que essa solidariedade é fruto do que eu plantei em minha vida, que foi o bem”.

Salgadeiro desde a década de 70, por anos ele foi fornecedor de salgados para vendedores em terminais de ônibus de Campo Grande e se tornou famoso. “Me tornei respeitado e meu salgado era muito gostoso”.

Depois da amputação, ele resolveu vender o maquinário maior para produção de pães e salgados, e ficou com apenas com o maquinário pequeno, onde, mesmo na cadeira de rodas, produz pães para o dia a dia. “Fazer pão é a minha terapia. Quando estiver na minha casa continuarei produzindo com muito amor e carinho”, finaliza.

Ajuda - Quem quiser ajudar seu Euler, pode entrar em contato com ele pelo telefone (67) 98218-8021 ou com o amigo e vizinho Danillo (67) 99602-6130, que está movimentando a ação. O PIX para contribuição é (67) 99602-6130.

Pitucha é a única companheira de Euler na casa em que vive. (Foto: Henrique Kawaminami)
Pitucha é a única companheira de Euler na casa em que vive. (Foto: Henrique Kawaminami)

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