Ex-presidiário teve 2ª chance e hoje luta por dignidade às crianças

Em 2004, Fernando de Campos Barbosa, de 50 anos, e Tito Cândido da Rocha, de 52 anos, descobriram no esporte uma forma de estarem próximos aos filhos. A trajetória deles com a família foi o ponto de partida para a criação do Instituto Social de Ação Aventura e Cidadania, a Impacto Aventuras. A ONG (Organização Não Governamental) visa ajudar crianças e jovens através de práticas esportivas.

Ex-presidiário, Fernando cumpriu pena de 1992 a 1994 após ser condenado por roubo. Hoje, ele comenta que o trabalho é uma forma de retribuir e mostrar gratidão com a segunda chance que ele teve. “Eu venho do presídio, tive uma experiência que transformou minha vida, não tenho como pagar financeiramente, mas é uma forma de demonstrar gratidão. O crime vive aliciando, então as pessoas de bem tem que ir ao encontro dos jovens”, afirma.

O projeto é desenvolvido em escolas públicas, estaduais, além de parques e praças públicas de Campo Grande. A dinâmica das ações variam, sendo que algumas contam com brinquedos, teatro infantil e outras atividades lúdicas para divertir a criançada. Dependendo da programação, o projeto atende crianças em Mato Grosso e Goiás.

Em relação aos esportes, os idealizadores e voluntários desenvolvem a prática do rapel, escalada, trilha e o rafting. No caso, essas atividades acontecem em outros pontos de Campo Grande, como o rapel e a trilha que são feitos na cachoeira batizada de "Inferninho". Já o rafting é desenvolvido nos distritos de Piraputanga e Camisão, em Aquidauana, a 141 km da Capital.

Por trás de cada exercício na natureza, Fernando relata que procura passar uma lição aos jovens e às crianças. Ele dá como exemplo o rafting , que é a prática de descida em corredeiras utilizando botes infláveis. "Nós mostramos o briefing falando da atividade, que vai trabalhar a colaboração, e o senso de equipe”, esclarece. A superação do medo e o exercício da fé fazem parte da dinâmica.

Como a ONG depende de colaboração financeira, o passeio de rafting também é usado para arrecadar fundos. Com a venda dos passeios, o valor arrecado é aplicado no projeto Impacto Aventuras. Em Piraputanga, ele é recomendado para famílias, enquanto em Camisão o rafting é voltado para os mais aventureiros. O valor é R$ 120 para as duas modalidades.

Veja o vídeo: 

O principal propósito, segundo Fernando, é garantir que os menores atendidos pelo projeto tenham um futuro. "A ideia é que eles se formem, tenham uma renda e profissão”, frisa. Nos últimos 18 anos, ele menciona alguns dos casos de transformação que presenciou. "Tem um menino que começou a caminhar com a gente, ele não nadava, tinha medo de água e hoje é do operacional do Bope. Tem muitos que aprenderam a dar os primeiros nós com a gente e hoje são bombeiros”, conta orgulhoso.

Ao recordar o passado, ele comenta como foi que ganhou a companhia dos jovens que também vê como filhos. "O desafio era estar presente na vida dos filhos e isso foi crescendo. Os filhos começaram a levar crianças e foram chegando mais filhos postiços”, fala.

Para ele, isso não teria sido possível sem o apoio da família que o ajudou a recomeçar. Por isso, hoje, ele quer ser uma referência positiva para aqueles que chegam no projeto. "É um sentimento de poder fazer alguma coisa e oportunidade de retribuir", destaca.

A próxima ação do grupo ocorre no Paraguai ainda em agosto, pois neste mês é celebrado o Dia das Crianças no país. Já em setembro, o Impacto Aventuras irá divertir o dia dos alunos de uma escola estadual no Bairro Tijuca.

Quem quiser acompanhar e conhecer a iniciativa, o Instagram é @impactoaventuras

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).