Fernando se foi, mas deixou baita lição de como viver sem medo
Fernando pedalou por mais de 25 anos e se tornou figura conhecida pela sua paixão pelo Parque dos Poderes
A administradora Cristiane Gomes Nunes, 50 anos, poderia ficar metade da tarde falando sobre ele e as qualidades que possuía. Não faltam recordações, frases e reflexões para descrever um pouquinho sobre o grande homem que ele foi. No tom de voz da Cristiane, dá para perceber que o amor e admiração que ela tem pelo marido, Fernando Peralta Neto, 54 anos, não cabem em palavras.
Fernando era um marido, amigo, esportista, filho, tio, irmão, empresário, corretor de imóveis e tantas outras coisas. O ciclista faleceu no dia 21 de junho deste ano, após sofrer um acidente e contrair covid-19 no hospital onde estava internado, em Campo Grande.
Apaixonado por esportes, Fernando costumava praticar diversas atividades físicas, principalmente, o ciclismo. Através do exercício, ele conquistou diversas amizades e inspirou outros a também começarem a pedalar. Apaixonado pela vida, um lugar era bastante especial para ele: O Parque dos Poderes.
O parque possibilitou muitos passeios, voltas caminhando, correndo ou pedalando de bicicleta. “Ele é um personagem na região do Parque dos Poderes. Ele incentivou muitos amigos a pedalarem, era uma inspiração, pedalava a mais de 25 anos. O Fernando foi office boy na assembleia com 16, 17 anos. Ele saía do expediente e ia pra lá, então, ele sempre gostou daquela região”, conta.
Fernando conheceu o parque antes da mulher, com quem começou a namorar em 1989, e, posteriormente, casou, a Cristiane. “Quando conheci ele, eu tinha 18 anos, comecei a namorar no Natal. Ficamos juntos em 1998 e construímos nossa casa no Bairro Cidade Jardim, perto dessa região”, comenta.
Acostumado a pedalar quatro vezes na semana e cerca de 50km, a disposição que ele tinha, deixava Cristiane surpresa. “A vida inteira nós corremos juntos e pedalamos no parque. Ele fazia triatlo, tinha muita energia, me deixava sem fôlego”, diz.
Sempre com uma perspectiva positiva de ver a vida, o corretor de imóveis era a típica pessoa que as outras gostavam de ter por perto. “Ele sempre foi uma inspiração, as pessoas queriam ficar perto dele. Ele sempre falava coisa boa, quem pôde dividir um momento de vida com ele foi privilegiado”, afirma.
O jeito singular de viver a vida é uma das características que Cristiane mais menciona no marido. “Ele observava tudo, tinha um olhar de beleza pela vida, curtia muito as estações, amava o cheiro da primavera. Depois que a irmã dele morreu, ele passou a dar mais importância à vida. Ele agradecia por tudo que tinha”, fala.
A irmã citada é Cristiane Lopes Peralta, que morreu aos 48 anos, em 2018, após ser diagnosticada com leucemia mieloide aguda de grau 4. Cristiane era irmã gêmea de Annelise Peralta Herradon, que já apareceu no Lado B.
Momento simbólico - Morando temporariamente com a mãe depois da morte do marido, Cristiane revela duas situações emocionantes que ocorreram recentemente. De acordo com ela, ambos os acontecimentos são “sinais” do marido. “Esses dias, às 3h da madrugada, comecei a chorar e um sabiá-laranjeira começou a cantar. Aqui no Centro, na casa da minha mãe, não é comum. Eu tive que ir pra minha casa ontem, resolver umas coisas. Ao abrir o portão, um sábia entrou e sentou bem no banco que o Fernando ficava”, diz.
Emocionada, ela explica que ainda não retornou para a casa, mas que esse é o próximo passo. Vivendo o luto, Cristiane revela que tem vivido uma época difícil, mas afirma que sente a companhia do marido. “É tudo muito forte pra mim, eu tenho tanto do Fernando em mim, eu sei que ele está em mim. A partida dele foi de preparação, porque ele sempre foi muito cuidadoso com a família, a partida dele foi esse cuidado”, frisa.
Acreditando no poder do Esporte, a administradora ressalta a relevância que o ciclismo e outras práticas esportivas tiveram na vida do Fernando. “O esporte sempre o tirou de muitos problemas. Ele pedalava e o problema ficava na estrada, ele voltava iluminado”, comenta.
Para a Cristiane, a ausência dele não é sentida somente por ela, mas também por cada pedaço do Parque dos Poderes. “Eu não perdi só meu amor, perdi meu amigo. Tenho certeza que cada pedrinha, curva do Parque devem sentir falta dele”, finaliza.
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