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Comportamento

Figueira centenária, que teve até bar entre galhos, tem fama de mal-assombrada

Lucas Arruda | 18/08/2015 06:12
Figueira na Vila Bandeirantes é rodeada de mistérios e mexe com a imaginação dos moradores (Foto: Fernando Antunes)
Figueira na Vila Bandeirantes é rodeada de mistérios e mexe com a imaginação dos moradores (Foto: Fernando Antunes)

Figueiras são árvores grandes e majestosas, mas também podem ser rodeadas de mistérios.

Na Vila Bandeirantes, no cruzamento das ruas Alexandre Fleming e Dr. Mário Quintanilha, uma imensa figueira chama a atenção de quem passa por ali. Os moradores antigos contam histórias de assombrações sobre a árvore, dizendo que ela está lá há mais de 100 anos.

A mais famosa, conhecida por muitos no bairro, é a da noiva de branco que aparecia durante a noite ou madrugada e ficava rodeando a árvore.

“Quando eu era criança e ia brincar com amigos, a árvore era como o nosso parquinho, sempre brincávamos lá. Meu pai contava muitas histórias sobre ela, mas a da noiva de branco que aparecia é a que me marcou. Mas eu nunca vi nada”, conta Cloilce de Almeida Santos, que viveu no bairro entre 1973 e 1983.

Cloilce lembra que passou a infância brincando na figueira (Foto: Marcos Ermínio)
Cloilce lembra que passou a infância brincando na figueira (Foto: Marcos Ermínio)

O mecânico Fernando José de Oliveira, que mora desde que nasceu na Vila Bandeirantes, há 52 anos, lembra que seu pai uma vez jurou de pé junto que viu a noiva. “Ele chegou em casa assustado, dizendo que tinha visto a assombração. Mas eu acredito que não era uma entidade ruim porque ela não fazia nada, só aparecia”, recorda.

Segundo os moradores, ao lado da árvore, antes de Campo Grande ser fundada, havia uma cancha de corrida de cavalos e muitas brigas aconteciam por ali, até mortes, contam alguns.

Além disso, na segunda metade do século passado construíram um pequeno bar, por incrível que pareça, em cima da árvore.

Os frequentadores sentavam-se em volta da única mesa que havia lá, jogavam baralho e bebiam madrugada adentro. Também eram famosas as noites em que o sertanejo Zé Correia tocava por ali, considerado o "Rei do Chamamé" e assassinato em 1975, aos 29 anos, na porta entrada da Rádio Educação Rural.

As histórias de assombrações foram surgindo com o tempo, porque além das tais aparições também apareciam muitos despachos de umbanda embaixo da árvore, o que alimentou o imaginário popular com o passar dos anos.

Até hoje essas histórias são famosas na Vila Bandeirantes, bairro oficialmente criado em 1938.

A professora Maria Aparecida dos Santos, mora somente há dois anos ali, uma quadra antes da figueira, mas já soube da noiva que fez suas aparições. “Tinha uma vizinha aqui que vivia falando que via a noiva embaixo da árvore. Eu não acredito nessas histórias. A única coisa que vive ali são os morcegos que vem aqui comer minhas frutas”, reclama.

Mas a maioria considera as histórias de assombrações apenas crendice popular. "Essas histórias são todas inventadas para assustar as crianças, nada disso existiu. Hoje ninguém mais fala que vê alguma coisa por ali, eu acho que nunca aconteceu nada", garante o aposentado Vitor Batista.

As crianças que brincavam com Cloilce na figueira. A última árvore a direita é a figueira na década de 70 (Foto: Marcos Ermínio)
As crianças que brincavam com Cloilce na figueira. A última árvore a direita é a figueira na década de 70 (Foto: Marcos Ermínio)
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