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Comportamento

Filho de imigrantes, seu Ivan Saad partiu depois de tragédia no Líbano

Comerciante, fucionário público, Ivan Saad participou de momentos históricos de MS e conheceu grandes personalidades brasileiras

Lucas Mamédio | 17/08/2020 06:23
Seu Ivan em frente à escola municipal que homenageia seu pai, no bairro Tijuca (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Ivan em frente à escola municipal que homenageia seu pai, no bairro Tijuca (Foto: Arquivo Pessoal)

Exatamente uma semana após a explosão trágica que atingiu Beirute, capital do Líbano, no dia 4 de agosto, uma família de descendentes libaneses de Campo Grande perdeu um dos seus principais membros. Seu Ivan Mansur Saad, filho de imigrantes libaneses, faleceu aos 88 anos de causas naturais.

Seu Ivan é filho Nagen Jorge Saad e Fadua Saad. Os dois vieram do Líbano. Comerciantes, começaram a empreender em Campo Grande na década de 40. Moravam no Centro e tinham uma padaria, muito conhecida na época, a Padaria Moderna. Nagen, inclusive, dá nome a uma escola municipal no bairro Tijuca onde seu Ivan tirou uma de suas últimas fotos antes de partir.

Seu Ivan Saad em pé ao centro com violão; segundo a família, na juventudade, ele adorava a vida boemia (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Ivan Saad em pé ao centro com violão; segundo a família, na juventudade, ele adorava a vida boemia (Foto: Arquivo Pessoal)

Antes de se casar, Ivan morou em São Paulo e trabalhou para a empresa alemã Bayer como representante comercial, sendo o primeiro da função no Brasil. Segundo a família, ele era uma pessoa de muitas amizades, prezava por ter bons relacionamentos, adorava conversar sobre tudo e cantar também.

“Meu avô frequentava muito da boêmia daquela época.  Então foi onde conheceu artistas como: Ângela Maria, com quem diz até que teve um flerte, o cantor Aguinaldo Rayol”, conta Bruna Abdul Ahad Saad, neta de seu Ivan.

Seu Nagen Saad com os filhos (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Nagen Saad com os filhos (Foto: Arquivo Pessoal)

Já na década de 50, entrou para a antiga DNER, atualmente DNIT, o departamento federal que cuida da infraestrutura dos transportes terrestres. No DNER, trabalhou na construção das rodovias entre Rio brilhante e Dourados , onde conheceu o ex-presidente Juscelino Kubitschek, sendo até homenageado pela participação na obra e por ser excelente funcionário da época.

“O ex-presidente chegou até frequentar sua casa, meu avô era muito diplomata, mesmo assim o sangue árabe para o comércio não deixou de comercializar, vendia roupas usadas dentre outros objetos antigos que sempre gostou como carros antigos, objetos de decoração”, explica Bruna.

Seu Ivan deixa três filhos, 11 netos e oito bisnetos. Como já dissemos, ele faleceu de causas naturais, aos 88 anos, na madrugada do dia 11 de agosto, dormindo. Antes, tomou uma sopa feita pelo seu filho mais novo, Márcio Saad, com que morou por 15 anos e quem lhe cuidou até o seu último dia.

Seu Ivan, o último da direira de frente, ao lado de Juscelino Kubitschek. (Foto: Arquivo Pessoal)
Seu Ivan, o último da direira de frente, ao lado de Juscelino Kubitschek. (Foto: Arquivo Pessoal)

Segundo Bruna, no último ano ele já estava muito fragilizado e o isolamento forçado pela pandemia teve impacto em seu estado emocional.

“Porém gozava de boa saúde, com a pandemia ele não saía mais, pois tinha o hábito de tomar uma cerveja com amigos próximo onde morava e conversar. Sempre foi muito ativo, como já mencionado provavelmente ele ficou deprimido nos últimos meses”, acredita a neta.

Seu Ivan faleceu poucos dias após uma das maiores tragédias da história recente do Líbano, uma explosão em um porto da capital Beirute deixou mais de 170 mortos e chocou o mundo com as imagens fortes. “Ele não ficou sabendo pois já estava debilitado, até mentalmente”, diz Bruna.

Reunião da família Saad na década de 70 (Foto: Arquivo Pessoal)
Reunião da família Saad na década de 70 (Foto: Arquivo Pessoal)

Porém, ainda de acordo com Bruna, a família como um todo sentiu muito. “Estamos muito preocupados, pois ainda temos muitos familiares morando lá. Mas nada ocorreu com eles”.

Sobre o legado que seu Ivan deixa depois de 88 anos de história, a neta diz que foi a própria “família, os amigos que deixou e suas histórias”.

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