Filho faz festão de 100 anos para o pai que morreu há 3 décadas
Paulo decidiu comemorar centenário do pai falecido para celebrar a memória que continua viva
Dia 16 de agosto de 2021 seria o dia em que Paulo de Jesus completaria 100 anos de idade. Assim, um dos filhos, o defensor público aposentado, que carrega o mesmo no nome do pai, Paulo Sérgio Moreno de Jesus, de 65 anos, decidiu fazer uma festa celebrando a data. “Eu enfatizo sempre: os que se foram, continuam vivendo dentro do coração de cada um”, expressa.
A festa ocorreu entre a família na própria casa de Paulo, no Bairro Jardim Paradiso. Como o pai era natural de Portugal, ele fez questão de trazer elementos da cultura do país, com direito a uma bacalhoada e um músico que tocou alguns fados, típicas canções populares portuguesas. A decoração foi toda feita com fotos antigas, até mesmo com camisas temáticas para a ocasião.
Paulo relata que o pai veio para o Brasil fugindo da Primeira Guerra e da fome, em busca de outras perspectivas. Viveu no interior de São Paulo antes de chegar em Mato Grosso do Sul.
“No interior de São Paulo, ele primeiro trabalhou como madeireiro. Mas depois de um tempo, tinha um caminhão de areia e assim, passou a fazer pequenos transportes. Depois, passou a morar com toda a família em Anaurilândia”, detalha.
Fala do pai com carinho e admiração e diz não ter como eleger um momento especial, pois foram vários os momentos bons ao lado dele. “Nós tínhamos uma relação muito boa. Ele era muito alegre e brincalhão, muito de bem com a vida. A alegria dele era o nosso motor”, relembra.
Além da alegria, ele também lembra do forte lado disciplinador de seu Paulo. “Ele morreu analfabeto. Mas não queria que os filhos passassem pelo que ele passou, por isso, nos cobrava muito os estudos”, comenta.
O cuidado e a cobrança ainda eram reforçados para Paulo, que tem uma deficiência desde os seis meses de vida e precisa de uma cadeira de rodas para mobilidade.
“Um dos momentos mais especiais na vida do meu pai, foi quando eu me formei. Deve ter se passado pela cabeça dele que aquele era o momento em que ele podia “respirar aliviado”, por assim dizer. Ele sabia que meus irmãos e irmãs podiam acabar fazendo algum serviço braçal, se precisassem. Então, ele tinha essa preocupação muito grande que eu soubesse me defender”, ressalta.
Em 16 de agosto de 1988, seu Paulo faleceu de um infarto fulminante, mas sem sofrimento. “Ele sabia que tinha problemas cardíacos, mas administrava bem a situação. Até os últimos dias dele, nunca perdeu a alegria”, comenta o filho.
A festa teve o objetivo de homenagear seu Paulo em seu dia de nascimento, mas também para deixar como referência. “Essa festa é para que essa lembrança dos ancestrais seja difundido. Não é morreu, acabou. Eu mesmo sou espírita, mas ainda sim, a memória da pessoa continua sempre viva e merece ser celebrada”, finaliza.
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