Filhos aprontam, mas coração de mãe perdoa e tem memória curta
Mães compartilham histórias em que filhos aprontaram, mas foi melhor dar risada e seguir em frente
Mães são incríveis, mas tem memória curta. Os filhos aprontaram ontem, e hoje elas já esqueceram. Isso porque tem coisas que é melhor dar risada e deixar para lá, do que fazer tempestade em copo d'água. Pelo menos foi isso que a vigilante Patricia Lombardi Pereira, 36, fez quando a filha mais velha, Ketelyn, na época com 15 anos, fugiu de casa com o namorado.
Patrícia tem quatro filhos, mas Ketelyn, 19, foi de longe a que aprontou mais com ela. Hoje em dia, Patrícia conta a história dando risada, mas na época foi motivo de deixar os cabelos em pé, e de muita preocupação.
Ela conta que foi mãe muito cedo, então se dependesse dela, os filhos só namorariam depois dos 30 anos, após concluir os estudos e ter uma vida financeira estabilizada, por isso não aceitou o namoro em uma idade tão jovem.
”Essa eu perdoei, porque eu acabei sendo rígida demais com ela. Acabei querendo prender e ela fugiu pelo vão dos dedos. Algumas vezes, quando a gente tem o nosso tempinho que não tá os meninos perto, a gente conversa, chora junto, se desculpa, se perdoa. Querendo ou não, mãe é mãe, filho é filho. A gente tem que deixar a vida ensinar eles e eles aprenderem com a vida”, diz Patricia.
Enquanto Patrícia queria criar os filhos debaixo da asa, Ketelyn sempre quis ter a própria independência, o que a vigilante demorou para aceitar. Ela reconhece que a superproteção e rigidez na criação da filha atrapalhou na relação entre as duas, pois distanciava Ketelyn, que fugiu diversas outras vezes de casa, mas declara que ambas aprenderam muito com os “erros” cometidos.
Ketelyn está casa há seis meses, e não mora mais com a mãe. Os outros três filhos de Patrícia, João, 16, Pedro, 12, e Ruan, 11, ainda moram com ela. A vigilante conta que os meninos também dão bastante trabalho, mas apesar de todas as dificuldades, o coração de mãe supera tudo.
“Ser mãe foi a melhor coisa da minha vida. Não me arrependo de ter tido filho cedo. Se eu voltasse no tempo, teria novamente. Não me arrependo de nenhuma experiência, não me arrependo de nada que eu passei, porque o que não somou veio pro meu aprendizado”, declara Patrícia.
Os filhos da costureira Maria Tereza Osório Leite, 70, também lhe deram um baita trabalho na infância. Hoje estão todos crescidos e cuidando de suas próprias famílias. Tudo o que restou para a costureira foram as lembranças, que na época a deixou de cabelo em pé, mas hoje conta dando risada.
Um momento que deixou a idosa em apuros foi quando a caçula, Rafaela, estava sentada no chão de areia da fazenda da família, e achou que uma cobra era brinquedo, e começou a brincar com o animal com uma vareta. Maria conta que ficou sem reação, e entrou em desespero.
“Eu não sabia o que eu fazia, eu chamei a minha irmã, mas eu já estava tremendo toda, e aí a cobra foi embora [sozinha]. Depois disso nós caímos na risada, porque não tinha o que fazer. Se a gente contar, por que não foi gravado, ninguém vai acreditar”.
O filho mais velho, Marcelo, já arrumou encrenca com os cachorros da chácara. Ela conta que, quando ele tinha 14 anos, inventou de pular o muro de noite, para entrar dentro da casa, e os caninos começaram a latir. No susto, ele escorregou e acabou com o short preso no armário.
“Não podia nem erguer ele do chão, ele ria e pedia socorro. O meu filho era arteiro, e é até hoje, ele puxou isso da mãe dele. A maternidade é uma experiência maravilhosa, mas com muita dor. A gente sofre muito com os filhos, mas vale a pena. Eu não troco meus filhos por nada nesse mundo”, diz Maria Tereza.
O que não falta para a pedagoga Mariusa Benites, 49, são histórias para contar. Mas uma, talvez a mais inusitada, a marcou para a vida toda. Ela conta que estava em seu quarto, se arrumando, enquanto o namorado a esperava na sala. Nisso a filha, Paola, hoje com 35 anos, mas na época com três, entrou no cômodo e viu o absorvente da mãe, que estava em seu período menstrual.
A criança, sem entender que se tratava apenas de um ciclo que toda mulher, inclusive ela no futuro, passa, achou que Mariusa estava machucada, então foi correndo até a sala contar para o namorado da mãe. “Ela pegou a fitinha do absorvente, chegou lá no meio da sala e falou assim, ‘ela tá do dodoi", relembra a pedagoga. O jeito foi dar risada, e seguir em frente, apesar da vergonha.
Enquanto elas olham para trás, orgulhosas do caminho que percorreram, e dos filhos que criaram, essa estrada está apenas começando para a fisioterapeuta Fabiane Farhat, 42, mãe do Johab, 6, Natan, 3, e Lucas, de sete meses.
Mesmo com pouca idade, as crianças já dão trabalho e aprontam bastante. Fabiane conta que com dois anos e meio, o Joab quebrou o dente pulando na piscina. Quando estava se recuperando do “susto”, o Natan, com um ano e dois meses, acabou quebrando o dente também. “Quase me deixou doida, são esses sustos que a gente não tá preparado. Não vou falar que são arteiros, mas são artistas”, brinca a mãe.
“Eu falo que a maternidade é uma cura diária. É um amor insubstituível, é um amor que não tem preço. Você pode ter algumas frustrações, profissional, familiar, em relacionamento, mas a gente olha pra eles e escuta um ‘mamãe’, já cura tudo”, diz Fabiane.
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