"Ganhou o Brasil pelo coração, não pelo basquete", diz família de Rutão
Família e amigos, colegas esportistas, todos lembram de Rutão pelo coração proporcional a seu tamanho: gigante
Uma mulher gigante, que foi muito além do esporte pelo qual ficou conhecida nacionalmente: o basquete. Ruth Roberta de Souza, ou apenas Rutão, campeã mundial pela seleção brasileira, segundo amigos e família, tinha muita tranquilidade em relação a sua passagem, como dizem os espíritas, bem como da fragilidade da vida. No caso dela, uma vida repleta de vitórias, sejam pequenas ou grandes.
Rutão se foi no último dia 13, após complicações da covid-19. Nos últimos anos viveu em Três Lagoas, cidade que amava e onde morava a maioria de seus familiares e amigos.
Daiane Cardoso, de 28 anos, sobrinha de Ruth, era muito próxima da tia. “Minha tia era uma pessoa muito carinhosa com sobrinhos e com a família, tinha sempre uma palavra amiga. Ela ganhou o Brasil por seu coração”.
Apesar do sucesso no basquete, Ruth era uma apaixonada pelo esporte em geral. “Era um amor muito grande. Ela amava Três Lagoas. Não à toa passou seus últimos anos aqui na cidade, incentivava a prática do esporte para crianças, jovens e adultos”.
Segundo a sobrinha, ela sempre tinha uma história boa pra contar. “Se tem uma coisa que eu via na tia é que ela fazia por amor. Muita gente faz o que faz por dinheiro, ela sempre fez por amor. Tanto que esse momento, que ela acabou nos deixando, a gente viu esse amor sendo retribuído de várias formas. Isso é muito reconfortante para a família”.
Uma das maiores jogadoras de basquete da história do Brasil, Magic Paula, também homenageou parceira de time e grande amiga. “Dona Maria, como você esta?” “Aquela voz mansa acompanhada das suas cutucadas cheia humor e inteligência. A nossa amizade é antiga, eu ainda usava aparelho, quando você chegou em Piracicaba cheia de sonhos foi atrás deles com muita garra. Muitas lembranças ficam e eu vou me lembrar dela com muito carinho”.
De fácil trato, Rutão nunca se escondeu atrás de sua fama. Sempre conversou com todos, fez amizade até o fim da vida, como é o caso da Luciene Maria da Silva, vizinha do irmão de Ruth, que começou a conviver com a ex-atleta em 2013. “Passávamos horas em frente de casa conversando sobre a vida. Ela era um ótima contadora de história”.
Luciene lembra que sempre chamava Ruth para andar de bicicleta, mas ela declinava. “A gente saía para pedalar e eu chamava: vamos, Ruth. Ela, daquele jeito manso, falava: Lu, eu já me exercitei pra essa encarnação e mais duas”.
Manoel Zeferino, de 51 anos, quase a mesa idade de Ruth, é um amigo de infância, estudou com ela no colégio Fernando Corrêa da Costa. Ele lembra muito bem que Ruth era conhecida no colégio pela habilidade em outro esporte: o futsal.
“Ela ficava o dia inteiro na escola. O futsal era uma das paixões dela. Me lembro que migrou para o basquete porque alguém viu o tamanho dela e achou que daria certo, e deu. Mas não podia ser diferente, ela tinha aptidão para qualquer esporte”.
A ex-pivô disputou, pela seleção verde e amarela, os Jogos Pan-Americanos de Havana (1991) quando recebeu a medalha de ouro de Fidel Castro. O momento foi registrado. Também disputou os Jogos Olímpicos de Verão de Barcelona (1992) e foi campeã mundial em 1994, na Austrália.
Após a conquista dos troféus, voltou para Mato Grosso do Sul para atuar como técnica de basquetebol em Três Lagoas, integrando o quadro de servidores da Secretaria de Esporte, Juventude e Lazer do município (Sejuvel). Em 2019, Ruth foi embaixadora dos Jogos Escolares da Juventude de Mato Grosso do Sul.
“Cada um que conheceu minha tia, teve uma história com ela. Isso nos conforta bastante. Te amo tia”, conclui a sobrinha, Daiane.
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