Garoa que poderia acabar com celebração tornou especial o casamento no campo
Marcar a data do casamento foi uma das primeiras e mais difíceis escolhas de Tatiana e Felipo. Os dois marcaram para o dia 11 de outubro deste ano, na Casa Park, em Campo Grande. No calendário, a data em plena primavera, deveria garantir que as chuvas fortes, de mudança de estação, já teriam ficado para trás, dando lugar à grama verdinha. O tempo não seguiu à risca o que era previsto, teve neblina, uma chuva fina e a certeza, por parte dos noivos, que o imprevisto ajudou a transformar a cerimônia em um dia muito mais lindo do que eles poderiam ter imaginado.
Tatiana é psicóloga, Felipo, arquiteto. Os dois se conheceram numa festa de faculdade e começaram a namorar em 2007. Se não todas, a maioria das histórias de amor envolve momentos de superação, a deles não foi diferente.
"A superação foi uma marca constante do nosso relacionamento", resume Tatiana Quintana Samper Lovatto, de 28 anos. A mãe de Felipo morreu de câncer em 2009 e quatro anos depois, foi a vez do pai dele se despedir de uma forma ainda mais repentina.
No início deste ano, por problemas financeiros, o pai da noiva encerrou as atividades de uma das escolas mais tradicionais da cidade, o Latino Americano, deixando o casal ainda com mais dúvidas sobre o futuro. E foi nos momentos difíceis que o amor um pelo outro trouxe leveza.
Nas palavras de Tatiana, realizar uma festa de casamento era uma forma de celebrar com as pessoas que amam e os acompanharam, uma maneira de declarar vitória. Os noivos que escolhem fazer um casamento no campo, quando não seguem o 'modismo', fazem por puro romantismo. "E esse é o meu caso, sou romântica até a última hemoglobina", se descreve Tatiana.
Na semana do casamento, Tatiana recorda que fazia calor, com sol e nuvens. Porém, uma frente fria vinda do Sul era anunciada para o final de semana. "Um dos decoradores, o Sérgio Carvalho, uma pessoa muito acolhedora e sensível, me mandou um e-mail dizendo para me lembrar que o tempo nublado era considerado bênçãos dos ceús pelos povos celtas, um momento de preparação interna de sentimentos", relata a noiva.
De sexta até domingo, Tatiana cantou para si o que chama de 'mantra', a música "É preciso amor pra poder pulsar, é preciso paz pra poder sorrir, é preciso a chuva para florir". "Se queríamos um casamento no campo, por que a chuva não seria bem vinda? Mandei mensagem para os padrinhos avisando que estávamos muito felizes e que a chuva não atrapalharia nossa cerimônia, para tranquiliza-los também", conta. Tranquilizados os convidados, o casal sabia que todos entrariam na onda.
Quem se casa no campo, se casa com a natureza, não com o sol. E à ela não existe controle. "A vida, casar-se no campo, o amor, o matrimônio, requerem coragem e sabedoria. Tem que encarar com alegria e de peito aberto... Eu não escolhi casar-me com neblina, e com guarda chuvas de elemento decorativo, mas escolhi os profissionais que cuidariam do nosso sonho", descreve Tatiana.
A uma hora do casamento, o cerimonial ligou para a noiva dizendo que na reunião técnica, eles haviam chegado num consenso de que era possível realizar a cerimônia no gramado. De frente para os responsáveis pelas imagens do grande dia, Edson Schoenherr e Allan Kaiser, ela perguntou se o tempo atrapalharia no registro. Com a garantia de que não, seguiu em frente.
A noiva sabia que a sede do casamento, Casa Park, tinha muitos guarda chuvas para entregar aos convidados. "Durante a organização, os fornecedores já vinham conversando comigo, sendo sinceros em pensar que poderia chover e se chovesse, a gente trazia a cerimônia para dentro", recorda.
Durante o dia todo o céu se fez de nublado e próximo da cerimônia que a garoa fina passou a fazer presença e convidar para um clima de reflexão. "O céu nublado, a garoa fina, os guarda chuvas, os varais de lâmpada, as árvores, as falas de nossas famílias, as músicas da cerimônia, tudo estava em perfeita harmonia", descreve a noiva. E o resultado, nas fotos, é o registro de muita gente chorando. "O interessente foi ver as pessoas tão envolvidas com aquele momento de romantismo, a gente nem sentiu que estava chovendo", lembra Tatiana.
Ao olhar para quem assistia a cerimônia, a noiva via a seguinte cena: "Marmanjo grisalho chorou, quem já amava, sentiu mais amor e até quem declarava medo de casamento, assumiu que queria encontrar um amor, mas não sabia exatamente como, nem onde. As pessoas expressavam leveza e encantamento".
Se tivesse feito um sol com céu de aquarela como o casal pretendia, nas palavras de Tatiana e Felipo, a cerimônia não teria sido tão perfeita. "Quem se casa no campo precisa se certificar se o local escolhido oferece estrutura para enfrentar o que a natureza mandar - sol ou chuva, brisa ou tempestade. Afora isso, confie na sua história de amor, nos profissionais que você escolheu, se cerque das pessoas que te amam e siga em frente".
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