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Comportamento

Guido é artista com Síndrome de Down que hoje brilha na arte

Desde criança, Guido já demonstrava predisposição para a arte, ao ver o pai pintar quadros

Por Idaicy Solano | 29/07/2024 07:00
Aos 23 anos, Guido é ártista plástico talentoso (Foto: Paulo Francis)
Aos 23 anos, Guido é ártista plástico talentoso (Foto: Paulo Francis)

Nascido em uma família com veia artística forte, a arte tem sido um pivô de transformação na vida de Guido Barboza, de 23 anos, que tem Síndrome de Down. Além de seus quadros serem uma maneira de se expressar e se comunicar com o mundo, a arte se tornou uma profissão, e hoje tem seu trabalho remunerado e reconhecido.

Desde os primeiros meses de idade, Guido já tinha acesso a tintas, lápis de cor e telas, então começou a se envolver com a arte de maneira bem natural, desde criança. Ton relata que o filho nem sequer sabia andar ainda, mas de olhos bem abertos e atentos, observava o pai trabalhar em suas telas, e queria participar.

“Algumas das minhas telas tem até interferências dele, porque às vezes eu deixava ele arriscar, e eu não tinha preocupação em sumir com aquilo [com as interferências de Guido nas pinturas]. Ele foi se sentindo valorizado, porque eu deixava ele trabalhar na minha tela, então a autoestima dele foi crescendo”, detalha Ton.

Dentre seus quadros favoritos, Guido gosta bastante da pintura de Dom Quixote (Foto: Paulo Francis)
Dentre seus quadros favoritos, Guido gosta bastante da pintura de Dom Quixote (Foto: Paulo Francis)
Elementos pantaneiros, como as comitivas, são bastante presentes em suas pinturas (Foto: Paulo Francis)
Elementos pantaneiros, como as comitivas, são bastante presentes em suas pinturas (Foto: Paulo Francis)
Artista domina bem a teoria das cores para criar quadros únicos (Foto: Paulo Francis)
Artista domina bem a teoria das cores para criar quadros únicos (Foto: Paulo Francis)

Parceiros, Ton relata que no início criavam as telas em conjunto, mas com o passar dos anos, Guido foi criando mais autonomia, e aprendeu a desenvolver seus próprios traços e técnicas. Hoje em dia, ele assina suas próprias obras, sem ter mais interferências do pai.

Durante todo o processo de Guido com a arte, Ton foi seu professor, mas hoje em dia, ele também aprende bastante com o filho. Ele comenta que está sempre tentando ensinar suas experiências com as tintas, e conversam bastante durante os processos de criação.

“Sempre que ele vai produzir, eu gosto de perguntar ‘o que você está inspirado, o que você quer fazer?’. É um influenciando o outro sempre. É muito inspirador ver o Guido trabalhar, é fantástico”, declara Ton.

Guido gosta bastante de pintar o personagem Dom Quixote, tela que mostra com bastante orgulho pelo seu trabalho. Elementos da cultura pantaneira, como as comitivas, também são fortes influências para o artista, que trabalha com tinta acrílica sobre tela.

“Pessoas com a síndrome de down são capazes, é só cada um seguir seu caminho. No caso do Guido, ele tem talento para a arte, os outros terão talentos para outras coisas. A mensagem que fica é de que eles são capazes e podem contribuir com a sociedade”, diz Ton.

O último projeto em colaboração que eles fizeram, foi uma exposição para a reinauguração da Galeria do Paço Municipal, que teve dez telas de Ton e seis telas de Guido.

Como artista, Ton acredita que o filho ainda vai crescer muito. “É claro que depende um pouco da gente, de incentivar, mas eu acredito que Guido vai até me superar na questão de venda, de comercialização do trabalho dele”.

Da esqueda para a direita, Guido e o pai, Ton (Foto: Paulo Francis)
Da esqueda para a direita, Guido e o pai, Ton (Foto: Paulo Francis)

Rotina em casa 

Ton comenta que todo dia é “uma surpresa”, pois Guido está sempre em evolução, aprendendo coisas novas e surpreendendo os pais. Em casa, ele é um rapaz bastante ativo, ajuda nas tarefas domésticas, ajuda a cozinhar e até leva café da manhã na cama para os pais. “O dia que aconteceu a primeira vez, foi emocionante”, relembra Ton.

“Como ele é especial em relação à maioria das pessoas, cada dia é uma novidade. Você não sabe até onde ele vai chegar. Ele vai viver com a gente pra sempre, então, existe essa dependência. Mas todo dia a gente comemora uma coisa nova que ele atingiu. E a gente procura sempre estimular muito ele e ele sempre dá retorno. Ele é uma pessoa muito carinhosa, muito amorosa. Ele cuida da gente também”, compartilha Ton.

Recentemente, Guido conseguiu um trabalho em uma empresa, e apesar de agora ter que conciliar a rotina de produção artística com a rotina do trabalho CLT, a mãe, Márcia, acredita que a experiência está sendo importante para a socialização do filho, além de estimular ainda mais sua autonomia. “Ele tem o próprio dinheiro, e isso é legal, porque ele sai e falar ‘eu quero comprar, eu tenho dinheiro na conta’, e ele compra as coisas dele”.

Da esquerda para a direita, Guido, a mãe, Márcia, e o pai Ton, na sala de casa (Foto: Paulo Francis)
Da esquerda para a direita, Guido, a mãe, Márcia, e o pai Ton, na sala de casa (Foto: Paulo Francis)

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