Há 12 anos, Fátima largou tudo para se dedicar à mãe que vive com o Alzheimer
Sem pensar duas vezes, filha abriu mão de tudo para ficar 24h ao lado da mulher que lhe ensinou o que é o amor
Quem ama cuida e é isso que Fátima Ricci faz. Há 12 anos ela abriu mão do trabalho, dos amigos e até de si mesma para se dedicar exclusivamente à sua mãe, Carolina Ricci de 83 anos, que sofre de Alzheimer. “Ela é tudo pra mim e faço questão de estar ao lado dela nesse momento. Sempre foi uma pessoa reservada, não era muito de brincar com os filhos, mas a amamos”, afirma.
Elas moram em Campo Grande e foi Fátima quem recebeu o Lado B em sua casa, depois que o irmão Jairo enviou a sugestão pelo Direto das Ruas como forma de homenagear Fátima. De braços abertos e com sorriso no rosto, a filha relata que mudou completamente a rotina para se dedicar 24h à família. “Tem que ser eu para fazer isso, pois cuido de tudo e gosto de limpar, dar banho, trocar a fralda. Ela virou minha bebê”, diz.
Ela é a filha mais velha, tem 62 anos e lembra de quando a doença começou a afetar a matriarca. “Tínhamos uma tia que teve Alzheimer, vimos como era e quando minha mãe apresentou os primeiros sinais, soubemos que poderia ser a mesma doença. Levamos no médico e ela passou por exames até que foi confirmado a suspeita”.
Na época, Carolina sofria com perdas de memórias. “Morava do lado da casa dela e lembro que ela começou a levar as coisas dela para minha casa dizendo que estavam roubando. Começou a brigar com os vizinhos. Me reuni com os outros três irmãos e combinamos que eu cuidaria dela”.
“Minha mãe tinha se separado do meu pai, mas continuaram amigos, se viam todos os dias para conversar. Apesar da separação o carinho permaneceu. Ele era cardíaco, precisava de cuidados também e naquele mesmo tempo, meu filho havia se separado e pediu para que eu cuidasse da minha neta que era bebê. Tive que tomar conta de três de uma vez”, conta.
Contudo, como também precisava de dinheiro para pagar as contas, Fátima fazia algumas diárias como doméstica para poder dar conta do recado. “Na época, como minha mãe e meu pai conversavam, um fazia companhia para o outro e ela ainda conseguia cozinhar e olhar minha neta por um tempo”.
Com o tempo, a situação do pai de Fátima piorou e ele faleceu em 2009. “Foi um baque e a partir daí ela piorou. Chegou até fugir duas vezes de casa. Em abril do ano passado, minha mãe teve pneumonia, ficou dias internada no hospital e o médico precisou colocar sonda. Hoje, a alimentação é feita através da sonda gástrica”.
Por conta disso, a atenção em casa é mais redobrada, principalmente à noite. “Tem que tomar cuidado para não entupir, e sempre acordo para virar ela de um lado para o outro, verificar se está conseguindo respirar, se está tudo certo com ela”.
O dia de Fátima e Carolina não é agitado, a filha acorda primeiro e sai com uma vizinha para fazer a caminhada matinal. Depois retorna para a casa, onde prepara o café da manhã e coloca a mãe na sala para assistir televisão enquanto o tempo passa. “Ela tem uma boneca e deu meu nome para o brinquedo e costuma usá-la para brincar”, comenta.
“Antes a gente viajava, mas desde o ano passado não fazemos mais isso porque é arriscado. Todo mês ela volta ao hospital e temos auxílio de uma fisioterapeuta e uma fonoaudióloga que vêm aqui em casa para acompanhar ela”. Contudo, o importante para Fátima é estar ao lado de Carolina.
"Não me desgrudo dela, amo muito e tenho medo de perde-lá. Mas, enquanto está aqui, faço questão de cuidar de tudo", finaliza a filha.
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