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Comportamento

Há 19 anos, Amilson prova que ser ferreiro não é "coisa de velho"

Na empresa familiar, ele cria marcadores de boi e fala que não quer fazer mais nada da vida

Jéssica Fernandes | 30/11/2021 07:12


Amilson na oficina martelando metal que origina o marcador. (Foto: Kísie Ainoã)
Amilson na oficina martelando metal que origina o marcador. (Foto: Kísie Ainoã)

A marreta, a morsa e o avental de couro são os grandes companheiros do Amilson Pereira Miranda, 41 anos, que desempenha uma das profissões mais antigas do mundo: ferreiro. Na Rua Alegrete, há 19 anos, ele administra o LA Marcas produzindo marcadores de ferro e inox para gado.

O ambiente de trabalho dele conserva um lugar rústico e semelhante aos cenários dos filmes que retratam o cotidiano daqueles que vivem entre o martelar e o soldar. No local, a parede de madeira divide a oficina e o escritório onde ele trabalha, atendendo os clientes e confeccionando os marcadores.

Quem acha que a ocupação é “coisa de velho”, acaba ficando surpreso quando vê pessoalmente o ferreiro, que esbanja jovialidade. Dias atrás, uma das clientes entrou em contato pelo celular, marcou um horário e ficou admirada quando viu o homem. “Uma cliente chegou aqui esses dias e falou: você é muito novo para mexer com isso. Por ser uma profissão antiga, o pessoal acha que é serviço de velho e que eu poderia estar fazendo outra coisa”, fala.

Ferreiro trabalha há 19 anos no espaço. (Foto: Kísie Ainoã)
Ferreiro trabalha há 19 anos no espaço. (Foto: Kísie Ainoã)

Antes de ser ferreiro, Amilson foi atendente de telemarketing e só seguiu outro rumo profissional devido ao irmão. Ele conta como começou no negócio familiar, que dá continuidade até hoje. “Trabalhava eu, meu pai e ele, mas ele arrumou outro serviço. Por conta da idade, depois de um tempo, meu pai saiu e eu assumi”, explica.

Ao lado da mulher, Rosemir Martins Miranda, 55 anos, ele dá continuidade à empresa da família. Quando o assunto é marcador de boi, Amilson já fez tudo quanto é tipo de desenho. Os mais comuns são uma junção das iniciais do casal de proprietários do gado como “JN, JK, VE, AM e TJ”. Ao decorrer dos anos, o mais diferente que elaborou foi no formato de espermatozoide. “Mas era para um laboratório de genética", afirma.

Os marcadores que forjou já percorreram o Brasil, Uruguai, Bolívia e até a Nigéria. “Eu perguntei para o cliente se eles iriam marcar alguma girafa, mas ele disse que lá na Nigéria também tem boi”, ri.  Na fábrica, o proprietário cria em média 20 marcadores por mês, sendo que cada um leva cinco horas para ser finalizado. Nos meses mais corridos, a produção sobe para 50.

Anos depois, ele afirma que não sente vontade de fazer qualquer outra coisa da vida. “Eu gostei da profissão, aqui estou e não tenho vontade de sair”, enfatiza. A LA Marcas está localizada na Rua Alegrete, 1737, Bairro Monte Castelo. O horário de funcionamento é de segunda a sábado, das 7h às 11h30 e das 13 às 18h.

Parede tem desenhos de alguns dos marcadores criados. (Foto: Kísie Ainoã)
Parede tem desenhos de alguns dos marcadores criados. (Foto: Kísie Ainoã)

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