Incentivada pelas professoras, Yanka entrou na faculdade como drag queen
Durante anos, o coordenador de loja e acadêmico de Estética, Johnny Mike Cristaldo dos Santos, 23 anos, esperou o momento certo para ver Yanka Angel, sua personagem drag, brilhar fora do próprio armário e do guarda-roupa da mãe onde ele se vestia escondido do mundo. Quando ela finalmente veio a público, conheceu a liberdade. Neste mês, um novo passo foi dado. Yanka passou pelas portas de uma faculdade privada em Campo Grande sem ser desrespeitada.
Ela conta que foi convidada pelas professoras para fazer um show na universidade. “No primeiro momento eu recusei, fiquei com medo por ser minoria na universidade e tive medo de como eu poderia ser recebido”. Após insistência repensou. “Porém, isso me fez parar para pensar que era uma oportunidade de levar a minha essência para um público totalmente diferente da noite e da boate. Então eu resolvi encarar esse desafio”.
O sentimento após apresentação e diálogo com alunos sobre arte drag foi dos melhores. “Eu fui muito acolhido e elogiado. Em nenhum momento me senti excluído. Todo mundo queria conhecer de perto a Yanka. O mais gostoso disso é que tive muitos comentários que me fizeram entender meu desafio nessa vida”.
Depois da apresentação, Yanka conta que outros dois projetos que envolvem a arte drag já estão previstos dentro da universidade. “Isso foi muito legal. Enquanto houver espaço para eu levar a minha arte e minha essência, eu quero ocupar todos os espaços possíveis. Drag queen é amor, é cultura e respeito também”.
Por causa da religiosidade Johnny lutou contra a vontade de ser drag durante muito tempo. “Durante 18 anos ela me prendeu e me limitou muito sobre as coisas que eu acreditava que eu era e sabia que eu era”.
Sempre estiloso, gostava de se vestir da forma que se sentia bem e isso era algo que causava conflitos dentro da igreja. “Eu me sentia pressionado pelas pessoas ao meu redor, além da homofobia, isso acabava me deixando confuso e triste”, lembra.
Isso fez com que Johnny buscasse um padrão que não o pertencia. “Eu tentava me vestir diferente, falar mais grosso e me enquadrar em um padrão que não fazia parte de quem eu realmente era, tudo para tentar disfarçar”.
Com apoio de amigos e da própria mãe, há alguns anos ele mostrou a Yanka para o mundo. “Minha mãe é minha maior inspiração. Ela me ensinou muita coisa que eu sou hoje e é quem me dá a maior força. Sem ela eu não teria conseguido e ela foi uma pessoa muito importante nesse processo de autoconhecimento e aceitação”.
Yanka também não surgiu de uma hora para outra. Johnny fala que a drag está nele há muito tempo. “Desde a minha infância tenho meu lado afeminado e já me vestia com as roupas da minha mãe, porém, sempre me frustrava quando me questionava sobre isso e pensava que não podia ser assim”, conta.
Agora, tudo o que Johnny e Yanka querem é inspirar pessoas. “Inspirar outras drags, lutar pelo movimento LGBT, contra a homofobia e ocupar espaços que não são reservados para a gente. E acho que a universidade é um grande passo para isso”, afirma.
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