Ipê que faz sucesso na Guaicurus é recomeço para homem que plantou a árvore
Seu José Geraldo Barcos, de 55 anos, é daqueles que tem amor pela vida. Ser feliz ao lado da família e assistir todo o ano o florescer da árvore que plantou em 1991 tem o mesmo sentido para ele. Mas agora, o ipê amarelo na Avenida Guaicurus, região sul da Cidade, corre o risco de cair.
A árvore enorme foi plantada em um dos terrenos que José comprou assim que chegou a Campo Grande. Ele é do Paraná e depois de muito tempo de passagem por aqui, durante as viagens que fazia como caminhoneiro, escolheu a região para ficar de vez e recomeçar a vida.
"Aqui a gente tem uma vida melhor e mais oportunidade. No Paraná, a gente não tinha muito serviço e aqui eu via que era uma cidade melhor para gente morar. Toda vez que eu passava por aqui, pensava em morar", comenta.
De mudança feita, começou do zero em Mato Grosso do Sul. Assim que chegou, foi morar na Avenida Guaicurus, começou a trabalhar com a limpeza de terrenos e com o tempo montou uma loja pequena de materiais de construção.
Com a primeira economia que conseguiu fazer, comprou um terreno na avenida. Ele já plantou mais de 10 ipês na área de 3 mil metros quadrados, mas só o que fica de frente para a Guaicurus é que o floresce todo ano e faz sucesso.
"Sempre achei o ipê bonito, quando eu cheguei, ele foi o primeiro. Eu cuido porque pra mim ele significa o nosso começo. É a vida que eu também cuido", se orgulha.
Cheio de simplicidade, o sorriso é satisfação quando vê as pessoas admiradas. "Elas admiram, tiram foto e quando tá bem cheio de flor, tem gente que até passa devagarinho só pra ficar olhando de tão lindo que ele é", descreve.
Mas apesar de ser a sensação do lugar nesta época do ano, muita gente coloca a árvore em risco. "Eu já coloquei cercado para não entrarem no terreno mas me roubaram. Tem gente que vem e tira as lascas da árvore, machuca... Não sei se é para remédio, mas temos que cuidar das nossas árvores. Eu cuido porque é lindo e fui eu que plantei, não aceito que estrague e nem derrube", diz o morador.
Recentemente, José recebeu a notícia que será aberta uma rua na divisa com o terreno e logo veio o desespero. "Fiquei com medo de cortarem a árvore, eu não ia deixar, mas me falaram que não vai ser exatamente aqui. Derrubaram só outras que eu plantei mais pra lá", diz apontando para região.
Sem interesse nenhum de vender o terreno, apesar da valorização da área, tudo que ele quer é continuar cuidando das árvores. "Já plantei pitanga e jabuticaba, mas o ipê eu não deixo ninguém levar, é como tirar uma pedaço de mim. Ele é nossa vida aqui", registra.
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