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Comportamento

Jean é um guardião que ajuda a ‘mapear’ fogo para salvar a beleza

Jovem terena se tornou ‘guardião do Pantanal’, só não imaginava que registraria incêndios tão perto de aldeia

Por Aletheya Alves | 08/08/2024 06:13

Quando Jean Carlos Polidório, de 26 anos, ganhou um drone e o treinamento para se tornar “guardião do Pantanal”, não imaginava que seus registros seriam de um fogo imenso tão perto do lar. Mas foi graças às técnicas aprendidas que o jovem terena tem conseguido ‘mapear’ as chamas na região da Aldeia Cachoeirinha, em Miranda, para basear ação dos brigadistas.

Há um ano, suas fotografias e gravações do alto eram da beleza da natureza, mas os incêndios nas regiões pantaneiras mudaram o cenário. “O que mais me impactou foi a velocidade que o fogo chegou até o nosso território porque, até então, ele estava longe e em menos de uma hora já estava no nosso território. Para muitos de nós, era improvável que isso acontecesse”.

Comunicador e agente indígena de saúde, Jean explica que toda a história com o drone começou através de um projeto da Environmental Justice Foundation, uma organização dedicada a pautas ambientais, para capacitar integrantes de povos indígenas.

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A principal função é justamente monitorar o nosso território indígena e auxiliar as instituições, jornais e principalmente os brigadistas para combater os incêndios. As primeiras ideias e os primeiros trabalhos que fiz com esse equipamento foi o monitoramento do nosso território e contar histórias, mostrando a cultura do meu povo. Mas, com a chegada do período de incêndios, tenho atuado mais nesse auxílio, descreve.

Pensando em como o drone poderia chegar, Jean passou a percorrer áreas mais distantes da área indígena e seguiu trabalhando com uma filmadora portátil que já tinha. “Dentro do território Cachoeirinha tem uma equipe do PrevFogo formada somente por indígenas e que estão atuando nesse combate. Também estamos atuando com voluntários indígenas”.

Até então, mais de 15 mil hectares dentro do território já foram consumidos pelas chamas. “Ver o território indígena sendo consumido pelo fogo foi desesperador porque nunca havíamos visto ele tão perto de nós com essa grande proporção de destruição. A primeira sensação foi de desespero, pânico ao ver a fumaça cobrindo todo o território e, à noite, o clarão vermelho do fogo foi e ainda continua preocupante e assustador”, comenta.

Aves voando sobre o cenáario destruído pelas chamas. (Foto: Jean Carlos)
Aves voando sobre o cenáario destruído pelas chamas. (Foto: Jean Carlos)

Em meio a todo o serviço, ele destaca que uma das cenas que mais chamou sua atenção foi o desespero dos animais tentando fugir como um cavalo com a pele queimada.

Sobre o atual cenário, ele completa dizendo que ainda há muita preocupação. “Por hora, o fogo está controlado, mas os ventos fortes reacendem algumas chamas e também com a atitude humana de quem não entende o cenário que vivemos e ateia fogo criminalmente”.

Para acompanhar o trabalho de Jean Carlos, seu perfil no Instagram é @jean_carlos4.

Registro aéreo realizado em Aquidauana. (Foto: Jean Carlos)
Registro aéreo realizado em Aquidauana. (Foto: Jean Carlos)
Imagem da natureza registrada antes do período de incêndios. (Foto: Jean Carlos)
Imagem da natureza registrada antes do período de incêndios. (Foto: Jean Carlos)

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