Landau 78 carregou 1º governador, foi abastecido há 10 anos e acabou abandonado
Estacionado há anos no Memorial da Cidadania e Cultura, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, o Ford Landau de 1978 chama atenção pela poeira e descuido. Nas mãos da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul, o veículo parece abandonado e a última vez que saiu da garagem foi em 2007 para ir ao posto.
O carro da década de 1970 chegou a Mato Grosso do Sul depois de ser doado por uma estatal do Rio de Janeiro, segundo informações da Fundação de Cultura. Ele pertencia a uma companhia auxiliar de empresas elétricas brasileiras e veio para atender autoridades políticas.
Quem se diz com coração partido diante da cena é o autônomo Wagner Barreto, de 37 anos, que trabalhou como motorista na FCMS entre 2007 e 2014, e conseguiu "pilotar" a relíquia até que ela perdesse a serventia e fosse esquecida em um canto do estacionamento.
Ele quem andou pela última vez com o veículo pelo quadrilátero entre Avenida Calógeras e 13 de Maio, depois que o carro se tornou patrimônio da Fundação, em dezembro de 2006. “Ele ficava em um canto e comecei a cuidar. Pedi para o responsável lá no Memorial e fazia a manutenção. Lavava, abastecia e ligava para que ele não apodrecesse”, conta Wagner.
O carro tem um valor histórico importante, carregou o primeiro governador de Mato Grosso do Sul, Harry Amorim Costa, em 1979. Na época, havia dois carros modelo Landau para atender ao governo. O segundo foi leiloado e adquirido por um colecionador de Campo Grande em 2006.
Todo empoeirado, o veículo com motor 8 cilindros já sofreu danos por conta do tempo. Está com arranhados, parte do teto desgastado, para-brisa danificado e faltando o símbolo da Ford na parte dianteira. Na traseira do carro, sumiram as letras para completar o nome da marca também.
Com 57 mil quilômetros rodados, Wagner diz que desde a última vez que limpou o carro, torce para que ele seja restaurado. "Chama atenção de qualquer um, acho que deveria ficar em exposição lá no Memorial, porque ele está se acabando e aquilo é uma história", acredita.
O arquiteto, Ângelo Arruda fez o alerta nas redes sociais Ele defende a restauração e reclama da falta de cuidados. "Ele precisa de um lugar digno. Desde que eu vou lá no Memorial vejo ele totalmente sem cuidados. Não é um carro que está à venda, ele faz parte da história do Estado. Tem que ser restaurado e exposto para que as pessoas conheçam", defende.
Mas conforme o diretor-presidente da Fundação de Cultura, Athayde Nery, os dias de abandono estão prestes a acabar. Ele diz que uma capa específica para o veículo já foi encomendada. O carro será lavado, encerado e vai receber cobertura. "A Fundação iniciou um projeto para parcerias com clubes e confrarias de veículos históricos e antigos, para participação do Ford Landau em eventos e encontros abertos ao público", garante.
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