Lembra como era aglomerar em Campo Grande antes da pandemia?
Essa pergunta soa hoje quase como: Você se lembra como era cometer um crime antes de ser considerado um crime?
Você ainda se lembra como era aglomerar em Campo Grande antes da pandemia? Lembra? Essa pergunta soa, hoje em dia, quase como: “Você ainda se lembra como era cometer um crime antes de ser considerado um crime?”.
O verbo “aglomerar” era uma palavra tão esquecida de nosso léxico, que não consigo pensar em nenhum exemplo que ela se encaixava antes de 2020. Você lembra?
Assim como o uso da palavra, seu significado se modificou, ganhou uma carga semântica negativa, e bem mais poderosa. Além de não lembrar em que situação usávamos “aglomerar”, tem gente que não lembra mais nem como isso era feito. Acho que a gente perdeu a prática real.
Um dos principais pontos de vacinação de Campo Grande, o centro de eventos Albano Franco, nos altos da Avenida Mato Grosso, sempre foi ponto de aglomeração - quando isso era permitido.
As várias feiras, eventos, palestras, tudo que acontecia lá foi substituído por um vazio imenso que deu lugar aos carros que entram a saem da vacinação, ironicamente única medida que vai permitir voltar a aglomerar.
Outro ponto de aglomeração frequente na Capital sempre foi o Parque de Exposições Laucídio Coelho, onde é realizada a Expogrande, maior exposição agropecuária de MS. Sempre acompanhada de grandes shows, o lugar recebia milhares de pessoas todos os dias.
Uma dessas pessoas é o jornalista Gustavo Henrique, que fala da Expogrande quase como se fizesse parte de um passado longínquo que teima em não voltar. “Era muito bom, encontrava amigos, via os artistas. Era um local que a gente se divertia”.
Também ponto tradicional de aglomeração, a Praça da Bolívia, que recebia a feirinha de artesanato aos domingos, remanesce vazia. Para Laís Camargo, artesã que participava dos encontros, as coisas mudaram tanto, que é difícil até imaginar como seria uma possível volta.
“Hoje é até difícil imaginar que a Praça Bolívia vai voltar a ser como antes um dia. Mas a praça sempre foi sinônimo de alegria e principalmente manifestações culturais livres. Hoje além da pandemia vivemos o dilema da falta de liberdade mas isso mexe com a gente, pensar que não valorizávamos a liberdade quando tínhamos”.
Laís toca em um dos principais pontos do momento que atravessamos. Pensar que não valorizávamos algo que sempre nos foi dado: a liberdade, nos faz temer restrições futuras.
O Círculo Militar, outro ponto frequente de aglomeração, está lá, parado. O local recebia a também tradicional Fenasul, feira de produtos típicos da região sul do país.
Tatiana Agnelli era uma das expositoras. Respondendo nossa pergunta, ela lembra bem de como era aglomerar na Fenasul. “Super lembro e tenho saudades. Era muita gente, lembro das filas para entrar no Círculo Militar e os horários de pico. As pessoas esbarravam o tempo todo nos corredores pequenos”.
Por enquanto só o que nos resta são as lembranças, cada vez mais apagadas. Tomara que tudo volte ao normal para criamos novas memórias.
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