Louca por panelas de ferro, Daíla acumulou 160 peças ao longo da vida
Panelas são tratadas com maior cuidado e a paixão se espalhou entre os filhos
Daíla Faustino da Fonseca, de 81 anos e nascida na região do Anhanduí, tem uma paixão especial: panelas de ferro. Ao longo dos anos, ela juntou 160 peças que ela guarda e cuida com todo o cuidado. A esmagadora maioria foi lhe dada de presente pelo marido, por familiares ou por amigas. Algumas, Daíla bateu o olho em peças que eram utilizadas para outros fins.
Ela não se importava com o estado da panela: se lhe agradasse, ela pedia a panela, levava para casa e após uma técnica específica de limpeza e manutenção, adicionava o achado à coleção. A paixão inclusive se espalhou entre os filhos.
Aqui no Campo Grande News já contamos a história do esposo de Daíla, o pecuarista João Mântega. Eles se casaram em 10 de maio de 1962. Conforme relata Daíla, um dos costumes do marido era de “enganar” a esposa quando o assunto era panelas. “Tinham umas panelas pequenininhas que eu gostava muito. E quando a gente saía junto, ele me dizia: ‘Ah não, você já tem muitas’. Então depois, no dia em que eu não estava com ele, ele ia lá e trazia a panela de presente para mim. Eu dizia: ‘Mas é um sem-vergonha!’”, relembra em meio a risadas.
Quando ia para casa de amigas, ela não se acanhava em pedir um panela que às vezes era utilizada para água de galinhas ou cachorros. Ela não se importava com o estado da peça. Chegava a pedir para que os donos das panelas lhe vendessem a panela rejeitada, ou até mesmo oferecia presentes em troca. “Eu nunca dei presente ruim não, viu. Eu gostava de dar presentes bons, gostava de presentar com panelas também, de dar um inox, às vezes um cobertor bom, um agasalho bom, nunca ficou sem”, reforça.
Que Daíla gostava de panelas de ferro era, e continua sendo, um fato bem consolidado entre amigos e conhecidos. Assim, muitas peças lhe eram dadas de presente sem nem mesmo ela precisar pedir. “As pessoas viam uma panela de ferro e já lembravam dela”, comenta o filho Darlei Faustino da Fonseca. Ao ser questionada sobre quantas panelas Daíla chegou de comprar, ela leva um bom tempo tentando categorizar quais não foram presentes. O resultado é óbvio: das 160, apenas umas dez realmente foram adquiridas por meio de compra. A maioria ou foi presente ou achado. Na coleção há peças centenárias, de todos os tamanhos. Uma das panelas, por exemplo, é um caldeirão que era utilizado no Hotel Jandaia para fazer feijoada.
As panelas são tratadas com maior cuidado. Na técnica de limpeza e manutenção, Daíla é bem sistemática. “Não pode utilizar produto. É a base da água. Tem que arear ela bem e principalmente, secar bem. Elas ficam todas limpinhas”, explica.
Daíla viveu boa parte da vida em fazendas. A família viveu em propriedades em várias cidades do interior do Mato Grosso do Sul, morando durante anos inclusive em uma fazenda no Pantanal. Na fazenda, Daíla desde sempre integrou todos os filhos nos afazeres domésticos, especialmente na hora de cuidar das panelas. “Eu tinha que pegar tijolo e moer, para que ela pudesse utilizar aquele pó para arear as panelas de ferro”, explica Darlei. “Tem também a técnica específica de limpar, que é colocando a panela de boca pra baixo em cima do fogo para ela secar”, também detalha a filha Eva Faustino da Fonseca. A paixão se espalhou entre os quatro filhos e eles também vão atrás de panelas de ferro para suas próprias coleções.
Sobre a comida na panela de ferro, a opinião é unânime: o gosto é bem melhor. O prato especial de Daíla é o frango caipira feita na panela de ferro. Esse é o prato favorito de uma das netas, Fernanda Faustino Barbosa:
“Isso me remete muito na época que a gente ia para a fazenda, e lá tinha almoços ou jantas, não só a comida feita na panela de ferro, mas o mais importante: compartilhar o momento junto com ela, essa é a experiência completa. São lembranças muito boas que eu guardo no meu coração".
O neto Abílio Mantêga, diz que o frango caipira é também popular entre os amigos. “Tem um amigo meu que só gosta do frango da avó dele e da minha”, comenta.
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