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Comportamento

Mais de 100 mil homens abortaram seus filhos somente neste ano

Ignoraram solenemente a existência daqueles que eles mesmos geraram

Jéssica Benitez | 25/08/2022 07:10
Mais de 100 mil crianças foram registradas sem o nome do pai na certidão de nascimento. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mais de 100 mil crianças foram registradas sem o nome do pai na certidão de nascimento. (Foto: Arquivo Pessoal)

Ficou confuso com o título? Eu te explico: de janeiro a julho deste ano mais de 100 mil crianças foram registradas sem o nome do pai na certidão de nascimento, segundo levantamento dos Cartórios de Registro Civil. Aos abominadores ferrenhos do aborto a comparação pode parecer exagerada, mas, me diga, estes homens não mataram seus filhos? O que mais fizeram, então?

Ignoraram solenemente a existência daqueles que eles mesmos geraram. Não sabem os nomes, a fisionomia, o tom de voz. Não sabem se passam fome ou frio, quantos quilos pesam, quanto medem, quiçá nem imaginam quando fazem aniversário.

E pouco se importam com isso. Não zelam à vida. Mataram dentro de si os próprios filhos, os apagaram totalmente. Que nome dar a isso? Abandono é pouco. Quase nada, assim como o peso disso na vida desse genitor. O pai que aborta é completamente perdoado pela sociedade, afinal, é coisa de homem, né?

Aliás, a única culpada disso é a mulher. Não soube escolher um bom partido, não se preveniu, quem mandou não se dar o respeito? Se ela era casada com o cara a conversa muda, mas não muito. A sentenciada segue sendo ela. Algo fez para o marido ir embora e se esquecer que tem filhos.

O pai que aborta também tem perdão da família, dos amigos e até mesmo religioso. Ninguém o cerca na rua para lhe coagir a não abortar. Ninguém invade suas redes sociais para enche-lo de julgamento.

Ninguém o reprime a ponto de ter que se mudar de bairro ou cidade. O pai que aborta vive por aí, livre, muito possivelmente vai abortar outras vezes e, tudo bem, culpada é a mulher que sabe que se trata de um reincidente e mesmo assim engravida dele.

Cem mil mulheres, cem mil crianças. Número mais que suficiente para lotar um Maracanã, mas que na verdade ecoam nas lacunas vazias das certidões de nascimento Brasil afora.

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