Massoterapia não é sacanagem, mas profissional sofre assédio todo dia

Quem trabalha com massoterapia acumula mensagens e falas de pessoas que ainda confundem as técnicas com “massagens” oferecidas por profissionais do sexo. Há anos tentando desvincular a área desse estigma, quem trabalha no ramo precisa se preocupar tanto com sua formação quanto em criar formas de deixar claro que importunação sexual é crime.

“A massoterapia ainda é muito confundida no nosso país, ela é com certeza mal comercializada por alguns profissionais e na nossa cultura, infelizmente, tem quem acredita que em uma sessão de massagem é tolerável solicitar que se faça um serviço de cunho sexual”, introduz a massoterapeuta Daniele Araújo.

Atuando na área desde 2019, a massoterapeuta e quiropraxista argumenta que essa confusão parte de uma desinformação e falta de conhecimento. “Existe uma falta de respeito e distorção tão grande da nossa imagem, do que é a terapia por massagem, do que é ser massoterapeuta que chega a ferir a honra e dignidade daquelas pessoas que dedicam seu tempo, dinheiro e que estudaram para oferecer bons resultados.”

Em sua experiência pessoal, a profissional comenta que já recebeu mensagens e comentários de cunho sexual, mesmo avisando em todas as suas redes sociais sobre o que é sua profissão.

“A gente sabe que tanto a importunação sexual quanto o assédio são crimes e que a pessoa pode pegar de 1 a 5 anos de prisão, mas mesmo assim há engraçadinhos que se arriscam. Mesmo com placa no banheiro, a gente deixando claro sobre as situações, ainda há quem tente.”

Pensando em sua formação, ela relata que é o aprendizado que faz toda diferença. “Nessas horas, você nota como é importante escolher bem o lugar em que vamos estudar, em quem vai confiar seu futuro. Eu sou muito feliz, tive muitos bons resultados profissionalmente e pessoalmente porque no Instituto Hishinuma aprendi não só as técnicas das massagens terapêuticas, mas também sobre como me portar em situações assim.”

Sobre o que é a massoterapia, Daniele diz que essa é a classificação dada às técnicas que visam proporcionar saúde e bem-estar, auxiliando no tratamento e alívio de dores musculares, doenças crônicas, episódios de estresse e prevenção de patologias.

Na profissão desde 2023, Marcus Cristaldo explica que a “peneira” inicial é se apresentar diretamente como massoterapeuta que trata dores. Caso essa fala não resolva, o protocolo é bloquear quem insiste.

“Me vejo na obrigação de educar as pessoas a perceberem que a massagem realmente ativa a farmácia do seu corpo. Nosso corpo é uma máquina muito inteligente e, dependendo da mão certa, ele é ativado com a autocura. Se eu percebo que a pessoa não está interessada nesses grandiosos benefícios, eu apenas bloqueio e sigo meu trabalho, assim como fui muito bem orientado pelo meu curso”, diz Marcus.

Entre os contatos de pessoas que confundem a profissão estão desde aqueles que questionam sobre massagem tântrica até quem realmente segue para a “massagem” oferecida por profissionais do sexo.

Marcus comenta que não insere em seu cotidiano julgar ou condenar, mas faz questão de explicar que não é seu caso.

Em relação aos benefícios da massoterapia, ele cita que o tecido muscular do corpo libera os próprios hormônios benéficos para o restante do corpo. E, a partir das técnicas, há aumento da circulação sanguínea para oxigenar as células e desinflamar o corpo.

“Massagem não é alisar alguém, besuntar de óleo e ganhar seu dinheiro. Massagem vai muito além disso, estou falando de cura de almas, de trazer o equilíbrio, o alívio imediato da angústia [...]”, defende.

Sobre a forma de lidar com situações de importunação sexual, o profissional destaca que há orientações já durante a formação. Incluindo o ato de bloquear os contatos, como ele comentou.

Além disso, Marcus orienta sobre quais roupas o paciente deve usar (roupa de banho e, se não for possível, roupa íntima) e avisa que não será necessário ficar nu, assim como uma toalha é posta sobre a pessoa.

Já contando sobre sua história com a massoterapia, ele relata que antes de conhecer sobre, tinha preconceito por não conhecer sobre os efeitos das técnicas na qualidade de vida.

“No curso, eu fui realmente curado de dores psicossomáticas quando recebi massagem do meu mestre Toshiro Hishinuma. Quando isso aconteceu, eu me apaixonei pela minha profissão e quis trazer esse bem estar, essa cura para todos à minha volta”.

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