Meiotrash achou na arte um meio de lutar por vivência justa e plural
O artista utiliza suas expressões como um meio de protesto, e espalha sua arte pelas ruas da cidade
Com o intuito de dar voz às pessoas que vivem à margem da sociedade, o artista visual Meiotrash, 24, encontrou na arte um meio de lutar por aqueles, que assim como ele, sentiram na pele a dor do preconceito. Parte da comunidade LGBTQIAPN+, o artista se identifica como uma pessoa não-binária, o que se tornou um dos principais motivadores do seu trabalho.
O propósito de suas criações é ser a voz dessas pessoas, que são frequentemente descriminalizadas e silenciadas pela sociedade. A revolta e a representatividade das pessoas dissidentes (àquelas cuja identificação de gênero e/ou orientação sexual não condizem com o que é socialmente aceito), além da violência sofrida pela comunidade, são as principais pautas abordadas pelo artista.
“Todo preconceito que já sofri, aliado a todo amor que já recebi, foram fatores fundamentais e marcantes para que eu me expressasse por meio da arte e quisesse continuar gritando pro mundo que somos capazes de resistir”, declara o artista.
Ele conta que começou a se expressar visualmente antes mesmo de aprender a falar, então a arte é algo que o acompanha há vários anos. Mas foi apenas no ensino médio que ele entendeu a arte como um “propósito de vida”.Isso porque é através dela que ele sente a capacidade de lutar por uma vivência mais justa através da produção cultural.
“É preciso sensibilidade, política e muito barulho. Gosto desses temas pois com a arte é possível gerar pensamentos e tornar o público consciente de questões importantes para uma maior justiça social e vida digna para todas as pessoas. A mensagem que sempre busco passar é a de que somos seres humanos dignos, diversos, plurais e também capazes de revolta contra quem tenta todos os dias nos violentar e nos apagar”, pontua.
Por acreditar que a arte urbana é necessária para democratizar o acesso à cultura, Meiotrash utiliza suas expressões artísticas como um meio de protesto, e espalha sua arte pelas principais avenidas da cidade, com o intuito de atingir o maior número de pessoas possíveis. Sua produção acaba sendo mais focada na produção em lambe-lambe e adesivos, mas também trabalha com ilustrações e pinturas digitais, em telas e murais.
“O intuito é gerar pensamentos, ser chocante, até mesmo ameaçador para quem tem medo de nós, mas principalmente ser inspiração e esperança para que as pessoas vejam que não estão sozinhas e que não serão caladas, nem apagadas, ocupar é resistir”, declara o artista.
Ele pontua que seus trabalhos favoritos até o momento foi um de Lambe-Lambe, que colou na Avenida Calógeras, com a frase "seja viado, seja herói". O trabalho foi inspirado pelo artista Hélio Oiticica. Outra arte sua também foi colocada na Avenida Ernesto Geisel, o "transtorno do cistema", que retrata a resistência de pessoas trans no Brasil, país com maior número de homicídios motivados por transfobia no mundo.
Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).
Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.