Mesmo sem material, Cléa não desiste de ajudar crianças com arte
Cléa abriu a própria casa para ensinar crianças a transformarem garrafas em flores e assim tirá-las das ruas.
No Bairro Jardim Noroeste, um projeto criado por uma dona de casa está transformando a vida de crianças. Ela ensina de graça artesanatos com garrafa pet tirando a meninada das ruas. Agora ela busca auxílio para continuar comprando materiais e aumentar o número de ‘alunos’ durante a semana.
O projeto que ainda não tem nome pertence à moradora Clea Sabino Guedes Gregório, de 56 anos. Desde janeiro, ela ensina meninos e meninas a reaproveitarem garrafas de plástico e as utilizarem como material de artesanato. Os recipientes viram arranjos e plantas que podem servir como elementos decorativos em casa.
O material utilizado para recorte, colagem e pintura das peças é comprado por Cléa, mas nem sempre ela tem dinheiro suficiente. Desempregada, nos últimos meses ela diz que tem sido difícil reforçar o material e, por isso, ela e as crianças vendem algumas peças para repor os itens necessários.
“Eu preciso continuar com esse projeto porque as crianças adoram. Eu já tenho até adolescentes maiores que também estão interessados, mas infelizmente não cabe todo mundo na minha casa e nem tenho dinheiro para pincéis, tintas”.
É na varanda que ela reúne crianças em volta da mesa para os primeiros recortes, em seguida ela ensina como fazer a pintura e a montagem das peças. As crianças, claro, adoram, e parecem nem se importar com o tempo em que passavam nas ruas.
“Eu decidi ensinar porque ficava muito preocupada com as crianças brincando na rua, correndo riscos. Por isso, arranjei o jeito de distrair alguns deles”.
As aulas ocorrem geralmente aos sábados e Cléa tem contado com ajuda de vizinhos e voluntários que fornecem o lanche para as crianças.
Cléa diz que aprendeu fazer artesanatos com garrafa durante um curso oferecido pela prefeitura em Corumbá, há mais de 20 anos. “De lá pra cá eu nunca deixei de fazer artesanato com reciclagem. Acho uma excelente oportunidade para distrair a mente”.
A diarista Cristiane Modesto de Souza, de 33 anos, é mãe de três filhos. Um deles fez questão de aprender o artesanato. “Isso me trouxe um alívio no coração”, diz. “A gente fica receosa, com medo de eles aprenderem coisa errada nas ruas, mas aqui eu sei que ele está aprendendo algo para o futuro dele”, acrescenta.
Para Cléa, ver a meninada interessada é a maior recompensa. “Ver o sorriso deles e o interesse são coisas que não tem preço. Eu sinto que o artesanato vai mudando a cabecinha deles e deixando os amigos entusiasmados”, finaliza.
Quem quiser ajudar Cléa com materiais ou alimentos para o lanche pode entrar em contato no (67) 99309-6060. Doações em dinheiro podem ser feitas também através do PIX 6798447-1797.
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