‘Milagre vivo’, Vanessa sofreu acidente e refez a vida na canoagem
Há 1 ano e 7 meses, ela precisou amputar a perna e no esporte descobriu novo propósito para continuar
A vida de Vanessa Cristina Paes, de 44 anos, deu um giro de 360º e mudou completamente em todos os sentidos. Em oito de dezembro de 2021, ela saiu de casa e acordou nove dias depois na Santa Casa de Campo Grande. O acidente fez Vanessa perder a perna esquerda e um dedo da mão, mas também trouxe propósito para quem se vê como ‘milagre vivo’.
A rotina desregrada, o consumo de álcool e a ‘farra’ ficaram para trás há 1 ano e 7 meses. Vanessa se despediu da antiga vida em Campo Grande para encarar algo diferente em Itajaí (SC). No novo estado, ela dedica tempo e esforço aos treinos diários de canoagem.
Para quem nunca tinha praticado esporte, hoje, ela é atleta com alguns títulos na conta. Em Santa Catarina, Vanessa está nos preparativos da Copa do Brasil 2024 e de olho para conseguir vaga na etapa internacional.
Ao Lado B, a atleta conta como o esporte deu propósito e nova perspectiva. Mas, antes, Vanessa parte do ponto que mudou tudo: o acidente. Na época, ela trabalhava em um mercado e após encerrar o expediente seguiu para casa quando sofreu o acidente de moto versus moto.
“Eu sai do mercado, peguei minha moto e parei na esquina da minha casa, desci na conveniência e comi um espetinho. Levantei, montei na moto e não vi mais nada. Só acordei depois de nove dias de coma induzido. Na hora nem vi que tinha amputado a perna, depois caiu a ficha”, diz.
No hospital, além do carinho da equipe, Vanessa também contou com o apoio de outras pessoas. “Eles não deixaram sozinha, o pessoal do Mercado Mercê, a minha família”, afirma. Passado o período de recuperação, ela foi apresentada à canoagem ainda em Campo Grande.
A canoagem bateu como uma paixão para Vanessa que passou a romper desafios e limites. “É um esporte de mil graus, hoje eu tô entendendo, é um sacrifício enorme, é algo que dá muita dificuldade”, comenta. A habilidade e dedicação chamaram a atenção e aí veio o convite para se mudar e tentar a nova carreira.
“Uma professora me convidou para vir para cá aprender, ela viu que eu tinha potencial e me deu oportunidade de um ano, como fui bem no campeonato, aprendi rápido, ela pediu pra eu ficar mais um tempo, fiquei super feliz”, destaca.
Quem sempre esteve rodeada da família e amigos, agora, também encara mais essa mudança. “Vim me cuidar sozinha e fui onde vi a dificuldade, mas é no esforço que a gente colhe o que planta”, afirma.
O acidente e o esporte também fizeram Vanessa rever a forma como se enxergava e lidava com os outros. “Eu achava que era o bixão da goiaba, eu tive de tudo. [...] Antigamente eu reparava só as coisas ruins do ser humano. Hoje eu vejo a pessoa com dificuldade e quero ajudar”, pontua.
As conquistas vão para além do pódio e chegam a outros lugares importantes. “Consegui sair do vício do alcoolismo, eu bebia dia e noite. Hoje consegui, Deus me tocou, Deus tocou no meu coração, comecei a frequentar a igreja católica daqui”, fala.
É a Deus que a atleta atribui a segunda chance que recebeu. “Deus me deu propósito de vida porque senão tinha me levado. Me sinto um milagre”, comenta.
Praticando natação, musculação e canoagem, a mulher esbanja saúde e qualidade de vida. O corpo mudou, a cabeça mudou, Vanessa não é mais a mesma desde que saiu do hospital. O esporte não é nada fácil, porém ela segue persistindo e se encantando com o mar onde treina e as morrarias que integram a paisagem.
“Meu corpo mudou totalmente, hoje tô vendo a diferença e o resultado do que eu aprendi com a treinadora daqui, a Maria Angélica”, finaliza.
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