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Comportamento

Morador de rua, Amâncio partiu e amigos procuram lar para duplinha “órfã”

Os cãezinhos Batatinha e Polenta eram companheiros do homem, que morreu aos 50 anos, vítima de tuberculose

Anahi Zurutuza | 17/08/2023 18:41
Amâncio e os amigos dia desses, na Via Parque (Foto: Direto das Ruas)
Amâncio e os amigos dia desses, na Via Parque (Foto: Direto das Ruas)

A notícia da morte de Amâncio Oliveira Silva comoveu moradores da região da Via Parque, amigos de longa data do morador de rua “convicto”, que há pelo menos uma década perambulava pela avenida na companhia de dois vira-latas caramelo, muito bem cuidados. Rapidamente, uma força-tarefa arrecadou os R$ 2,5 mil necessários para o velório e enterro do homem, que se foi cedo, aos 50 anos, vítima de uma tuberculose mal curada. A preocupação agora é com Batatinha e Polenta, órfãos de Amâncio.

A aposentada Liane Grise Bacha, de 63 anos, foi quem anunciou para os moradores do Giocondo Orsi que o amigo havia partido, nesta quinta-feira pela manhã. Amâncio estava intubado na Santa Casa de Campo Grande desde terça-feira. Ela pedia ajuda para as despesas do funeral e não teve dificuldade em conseguir. “Recebi dinheiro até de quem não conheço. Vou somar o valor e o que sobrou ficará para os cachorrinhos”.

O macho Batatinha, companheiro de Amâncio desde 2020, e a fêmea Polenta estão em lar temporário e com a saúde em dia. Com ajuda dos amigos que fez na rua, Amâncio conseguiu castrá-los, levava para banhos em pet shop e os vacinava todos os anos. A duplinha precisa, agora, de uma nova família. “Eles são muito apegados ao seu Amâncio, então estamos procurando alguém que tem espaço, paciência e que vá acolhê-los com muito amor”, afirma Liane, dona de outros quatro animais resgatados.

Local onde o morador de rua dormia com Batatinha e Polenta (Foto: Direto das Ruas)
Local onde o morador de rua dormia com Batatinha e Polenta (Foto: Direto das Ruas)

A amizade da aposentada com Amâncio começou há pelo menos quatro anos. Ela o alimentava e doava comida para os animais. Também emprestou o número de celular para que o “pai” dos cãezinhos colocasse na coleira deles, com a intenção de reencontrá-los caso o destino os separasse. Foi pelo telefone, que algumas vezes, Liane recebeu aviso de que o amigo estava passando mal, caído na rua.

Amâncio também ficou conhecido pela campanha que fez em 2018 para achar Costelinha, vira-lata inseparável “raptado” após o morador de rua ser atropelado, e por devolver carteira que encontrou na rua, com R$ 680. “Ele era uma pessoa muito boa e foi preciso ele morrer para encontrar um lugar para descansar em paz, sem chuva, sem frio”, afirma a amiga, emocionada.

O morador de rua tinha família e depois de descobrir a tuberculose, chegou a ficar internado no Hospital São Julião, mas “preferia” a rua. Numa marquise, todas as noites, mesmo nos dias mais frios, montava uma cabana e dormia ao lado de Batatinha e Polenta.

Exposto ao vento, chuva e sem tomar as medicações corretamente, nos últimos tempos, foi parar em posto de saúde várias vezes, mas “fugia” quando a saudade dos cachorros apertava. Estava na casa de sobrinhas “de consideração”, segundo Liane, quando passou mal na terça-feira (15). Elas também não têm condições de cuidar de Batatinha e Polenta.

Amâncio será velado no Cemitério São Sebastião (do Cruzeiro), entre as 14h e 16h desta sexta-feira (18).

Os interessados em adotar Batatinha e Polenta podem fazer contato com Liane pelo (67) 99229-9585.

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