Motorista anunciante vende espaço para publicidade até com QR Code
Surpreendendo passageiros, motorista de aplicativo inova tanto na ideia quanto no formato para sua próxima fonte de renda
A mudança que o novo coronavírus trouxe, por um lado bastante triste, também forçou o exercício da criatividade pela sobrevivência financeira. Em Campo Grande, um motorista de aplicativo inovou ao utilizar o interior do seu próprio veículo de trabalho para a divulgação de anúncios – e o Lado B foi atrás dessa história.
“Nesses tempos de pandemia, não quis entregar panfletos, achei mais prático e seguro preparar um espaço dentro do meu carro para anunciantes. Tudo é crise quando não nos reinventamos. Por isso a ideia, com meu estilo, daquilo que estava ao meu alcance”, explica Gledson da Silva Flores, o tal motorista-anunciante.
A proposta funciona da seguinte forma: ao sentar no banco traseiro, o passageiro imediatamente visualiza a publicidade. Por meio de QR codes, o cliente pode acessar mais informações pelo celular, sem precisar tocar nas propagandas. Os conteúdos serão totalmente digitais, mas organizados fisicamente nos sete espaços à mostra no interior do veículo. “Quanto mais próximo ao olhar da pessoa, maior o preço do anúncio. A visão mais baixa, mais discreta, é a mais em conta”, afirma. Para os anunciantes, os preços variam entre R$ 5 e R$ 16 diários por área preenchida.
A história – O sul-mato-grossense, que passou um tempo em Santa Catarina junto com a mãe antes de se mudar para Curitiba (PR), havia na época terminado seu casamento. Na transição, engatou em um novo relacionamento que acabou no seu segundo matrimônio. Como as coisas da vida são o que são, este acabou também não dando certo. Já que tinha um apartamento alugado aqui na Capital, Gledson decidiu retornar a MS. “Nos tempos de Curitiba, também dirigia para aplicativos. Tentava inovar no meu trabalho, vendendo bala e chiclete para o público do final de semana, que ia pra balada”, relembra.
Nessa vontade de ser diferente, o motorista até pensou em já executar o projeto dos anúncios, porém eis que veio a pandemia. O movimento das viagens diminuiu drasticamente por que as pessoas não estavam mais saindo às ruas. Mas aquelas que saíam evitavam usar o transporte público, e acabavam sendo atendidas por Gledson. “Com esse pequeno retorno, investi na ideia. Um amigo que mexe com tapeçaria automotiva ajudou a montar o suporte que sustenta as propagandas, preso nas costas dos bancos da frente, do carona e do motorista”, comenta.
E o que os passageiros acham disso tudo? “Tem gente que fica curiosa, pergunta o que é, acha engraçado. ‘Tudo isso daqui é para fazer anúncio?’, perguntam. Aproveito e explico como funciona, faço olho no olho. Mas também teve quem não falou nada, só tirou foto. Isso já é o impacto que procuro atingir”, revela.
A longo prazo – Gledson, que não concluiu o curso de Biologia na faculdade, agora sonha em se tornar empreendedor. “Se o negócio vingar, quero criar uma empresa justamente nesse segmento, para atender outros carros. É um nicho bem diferente, e vou fazer dar certo”. Enquanto se espera por vacina eficaz para o covid-19, é preciso criatividade e muita reinvenção para não se deixar abater.
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