Muro cheio de garrafas é solução de Salete para proteger 50 gatos
Protetora dos animais, ela criou a barreira para evitar que os 50 gatos que cria escapem para às ruas
Na Rua Rui Barbosa, a casa com o muro decorado por garrafas pets levanta dúvidas sobre sua funcionalidade. É com um sorriso faceiro e esbanjando simpatia que Salete Lima, de 50 anos, explica que a invenção é para evitar a fuga dos cinquenta gatos que moram no local.
Em 2020, ela colocou em prática a invenção que segue cumprindo o objetivo de preservar os felinos dos perigos da rua. Protetora dos animais, Salete tem um carinho especial pelos cinquenta bichanos que têm nomes criativos, como Nina, Rubi, Luna, Diana, Draco, Rique e Max. “Todos têm (nome) e atendem”, garante a moradora.
Mesmo apressada para imprimir as guias de castração para dois dos 50 gatos, que amorosamente chama de ‘nenês’, Salete faz a cortesia de parar uns minutos e explicar sobre as garrafas. “É exatamente por causa deles (gatos). As garrafas são lisas, então conforme eles pulam no muro, eles batem as unhas, caem e não conseguem pular. Um ou outro consegue, mas a maioria fica impedido”, afirma.
Dos que resgatou e adotou, a maioria é de pelagem preta. Devido ao preconceito, Salete conta que as pessoas preferem não adotar os felinos dessa cor. “Eu não tenho ONG nem nada, mas sou uma das protetoras dos animais. Eu ajudo muito o pessoal da Subea (Subsecretaria do Bem-Estar Animal) e Prefeitura. Aí recolhe, a gente tenta doar e os que não são doados ficam comigo. Muitos deles são pretos e gato preto você sabe, eles são muito rejeitados”, relata.
Colocadas na horizontal do muro, as garrafas pet formam a barreira que faz parte do cenário da casa. Antes de recorrer ao método, Salete não tinha nenhum gato, mas aos poucos os felinos foram chegando para nunca mais saírem. “Que eu virei essa acumuladora de gatos forçada não tem muito tempo não, mas sempre gostei e criei”, diz.
Antes de chegar ao número expressivo, Salete adotou há 8 anos a primeira gata. “A primeira gatinha era da minha sogra. Ela tem um cachorro e ele começou a perseguir a gatinha. Ficamos com dó e pegamos ela”, recorda.
Depois, Salete trouxe para a casa um companheiro para Nina e assim a família foi crescendo. Na pandemia, a protetora explica que passou a recolher cada vez mais os bichos.
“Eram dois gatinhos, não era essa loucura. De três anos para cá comecei a ver muito animal na rua e na pandemia alastrou. Comecei a tratar e nesse negócio de tratar você vai ficando com dó dos gatinhos e eles começam a se aproximar de você. Aí fui recolhendo, castrando, tentando achar doador, mas não conseguia e foi acumulando”, fala.
Sozinha e ‘com Deus’, a mulher faz de tudo para garantir o bem-estar deles. Sem ajuda de ninguém, ela agiliza as castrações, pacotes de ração e remédios para os felinos que já encontrou em diversas situações, desde abandonados na rua, doentes e atropelados.
Apesar de não ter mais espaço para recolher outros gatos, Salete dá um jeito de cuidar daqueles que vivem além dos muros de casa. “A cada cinco dias são 10 quilos de ração, porque não são só eles. Tem os gatinhos de rua que eu continuo alimentando. Essa é a luta dos protetores”, declara.
Ao falar sobre os animais, Salete esbanja alegria. Mesmo com as dificuldades, a protetora ressalta que os gatos mudaram quem ela é.
“Como pessoa principalmente pelo lado da empatia e compaixão. Você vai adquirindo e não só com os bichinhos. Você vai aprendendo a olhar mais a sua volta e perceber que o mundo precisa de pessoas que façam um pouquinho de boas ações para melhorar”, conclui.
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