Na ala da covid, presente foi cantar parabéns para o pai através do vidro
Família está há 17 dias esperando pelo pai internado na UTI e pode vivenciar momento emocionante na última semana.
Não há registro fotográfico do momento, mas as mãos trêmulas e os olhos marejados de emoção estão “vivos” na memória da merendeira Evelyn Jordão Malheiro, de 27 anos, que, no último dia 13 de agosto, celebrou o aniversário do pai numa distância que ela nunca havia conhecido.
Com covid-19, o pedreiro Bento Malheiro Filho, 59 anos, está há 17 internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, sem contato com a família e sedado. Segundo a família, apesar da esperança incansável, ainda é cedo para uma reposta positiva dos medicamentos.
Mas nada impediu a filha e a mãe de cantarem parabéns para ele no dia seu aniversário de 59 anos. Um verdadeiro presente também para as duas que puderam ver o familiar após uma ação do hospital que permite visita a pacientes através das janelas de vidro da “Ala Covid-19”. “Foi uma sensação de alívio, como se pudéssemos sentir ele próximo da gente”, descreve a filha, que entrou em contato com o Lado B para descrever o outro lado, o de quem fica de fora da UTI à espera de respostas e da sobrevivência.
“Meu coração de filha está bastante apertado, mas estou confiante, esperançosa e com muita fé em Deus de que tudo vai dar certo. A esperança sempre tivemos, mas também temos que ter fé”, diz.
Evelyn que sempre acreditou na doença e diz levar a sério todas as medidas e orientações para evitar o contágio quis abrir o coração, também, para mandar um recado. “Eu quero fazer uma para todos que lerem essa matéria que só saiam de casa se for preciso. Em caso de necessidade, não esqueçam da máscara e nem do álcool em gel. Meu pai sempre foi um trabalhador honesto, conquistou o que sonhou, sempre de muitas amizades e isso significa muito para mim”.
Com sintomas de dor de cabeça, febre, perda de olfato, paladar e tosse, Bento foi para uma unidade de saúde pública no dia 24 de julho. O primeiro teste deu negativo e ele voltou para casa tomando medicamentos para pneumonia. “Uma semana depois, com pouca melhora, resolvemos pagar uma consulta particular e lá eles disseram que era suspeito de Covid-19. Quando ele fez o segundo teste deu positivo e ele já foi encaminhado para o Hospital Regional, e no dia 9 de agosto foi transferido para o HU”, descreve Evelyn.
Sem muitas respostas, o tempo de espera e o contato diário do lado de fora tem rendido uma troca de experiência que Evelyn diz não esquecer. “A maior troca é saber um pouco de cada família e como todos nós ali reagimos com fé de que tudo vai dar certo, mas também com a consciência de que estamos vulneráveis e diante de um inimigo invisível.
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