Na companhia de gatinho cego, Luiz passa o dia ensinando macramê de graça
“Ceguinho” acompanha o artesão em todos os lugares e contesta fama de fujão dos felinos
Acompanhado de um gatinho cego de nascença, o aposentado Luiz Carlos Garcia, de 54 anos, ensina macramê de graça o dia todo na praça Ary Coelho, no Centro, de Campo Grande. Há um ano e quatro meses, "Ceguinho" contesta fama de fujão dos felinos e acompanha o artesão em todos os lugares, 24 horas por dia.
Além da falta de visão, o animal não tem um dedinho em uma das patas. Luiz garante que o "Ceguinho" é seu parceiro e nunca tentou fugir, apesar da fama. "Ele anda sempre assim comigo. Ele está acostumado, ele me ama", conta.
Em um carrinho, Luiz puxa os materiais do macramê e a casinha de seu parceiro, o “Ceguinho”. O artesão conta que é aposentado há 12 anos, por ser portador do vírus HIV, mas decidiu ensinar a atividade há pouco mais de um ano.
“Eu ensino as pessoas a fazerem macramê de graça. Quem quiser aprender pode me procurar na Praça. Só é difícil a matéria prima para o artesanato", explica.
Luiz conta que sobrevive com a aposentadoria, já que os remédios são disponibilizados pela rede pública de saúde. No entanto, enfrenta dificuldades para comprar os barbantes de demais materiais do macramê.
Macramê significa "nó" - O Macramê é uma técnica de tecer fios que não utiliza nenhum tipo de maquinaria ou ferramenta. É uma forma de tecelagem manual. Trabalhando com os dedos, os fios vão se cruzando e ficam presos por nós, formando cruzamentos geométricos, franjas e uma infinidade de formas decorativas.
O macramê tem duas formas mais conhecidas de trançado: o ponto "festonê" e o ponto "nó duplo", no primeiro dois fios são usados um esticado e o outro enlaça formando nós, no segundo três fios são usados um esticado no meio e os outros dois enlaçam formando nós.
Para o curso de graça, basta procurar Luiz no entorno da Praça Ary Coelho, de segunda a sexta-feira.